Na noite que elevou o pernambucano João Gomes e renovou o pacto com a música sertaneja, o Prêmio Multishow, único televisionado em TV aberta no país, foi um grande mais do mesmo do cenário da música brasileira dos últimos anos.
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Influenciado pelos charts das plataformas, o evento conta com votação do público e de uma academia formada por profissionais da indústria da música, o que no fim, acaba dando visibilidade para os grandes astros populares de sempre.
João Gomes
O ano – merecidamente – foi dele.
Entre shows da turnê de seu último disco, Do Jeito que o Povo Gosta, lançado em maio, e o projeto Dominguinho, parceria com Mestrinho e Jota Pê, o pernambucano vem arrebatando o público com talento e muito carisma.
É difícil encontrar quem não se derreta pela sua simplicidade e voz grave cantando. Ontem ele abocanhou os prêmios de Forró e Piseiro do Ano com Beija Flor, Melhor Capa e Álbum do ano, ambos pelo projeto Dominguinho. João Gomes ainda foi premiado como o artista de 2025.
O sertanejo sempre vence
Onde tem voto popular, tem sertanejo levando estatueta. Foi o caso de Melhor Show de 2025, vencido por Jorge & Mateus em uma categoria que tinha nada mais nada menos que a turnê Tempo Rei, de Gilberto Gil.
O estilo também foi premiado no Clipe TVZ do Ano com Ana Castela e Zé Felipe, revelação com orgulho Itaipava com Danilo e Davi e até quando faz parceria com o pagode. Foi o caso da participação de Simone Mendes com o grupo Menos é Mais na música P de Pecado.
Um resultado em que, analisando os charts das plataformas digitais, é até fácil de prever, sobretudo quando há bastante dinheiro investido dentro deste estilo.
O momento Gospel
A Música Gospel está subindo uma montanha sem medo de cair pelo desfiladeiro. Não para menos, afinal, o estilo representa 20% do mercado fonográfico nacional.
E é claro que um prêmio que busca diversificar e mostrar todas as tendências musicais no país não deixaria uma parcela de público tão importante de fora.
O bloco Gospel teve shows de Maria Marçal, Thales Roberto e uma categoria própria vencida por Eli Soares.
Boas surpresas
Houve, contudo, ótimos nomes premiados no evento.
Foi o caso de Pretinho da Serrinha como Melhor Produtor Musical, Mestrinho como Instrumentista, Luedji Luna, Seu Jorge, Arthur Verocai e Fejuca com MPB do ano; Marina Sena em melhor Hit Pop com o single Numa Ilha, BaianaSystem e Planet Hemp na categoria Rock; BK, Kolo e Evinha em Música Urbana do Ano e Gaby Amarantos na categoria de Melhor Brega.
Homenagem a Gilberto Gil
Ponto alto da noite, a homenagem a Gilberto Gil foi o momento mais esperado e emocionante da noite.
As performances de Ney Matogrosso cantando “Se eu Quiser Falar com Deus”, Caetano Veloso com “Drão” e um medley de Chico Buarque, Herbert Viana, Maria Bethânia e Roberto Carlos executando a canção “ A Paz”, deixaram público e homenageado emocionados.
Tadeu Schmidt, Kenia Sade e a correria da transmissão
Já está provado por A + B que ainda faltam a Tadeu Schmidt certos traquejos para apresentar este tipo de programa. Ficou visível que o mestre de cerimônias estave meio perdido em alguns momentos – ou até mesmo roteirizado demais – o que deixou sua performance plastificada.
Ao contrário de Kenia Sade, absolutamente a única apresentadora da Globo que tem jogo de cintura para comandar este tipo de atração.
Outro ponto visível no evento de ontem foi a correria para apresentar os indicados e premiados.
Estava nítido que a emissora teve que encaixar o Prêmio a tempo do Jornal da Globo, o que deixou o programa sem uma construção coesa. Foi a primeira vez que a Rede Globo exibiu o Prêmio Multishow. Faltou um “encaixe” mais maleável entre os shows e entrega de troféus.

