Como Noel Rosa já disse sobre o nosso samba, para Matheus Nachtergaele, o cinema brasileiro também tem feitio de oração. “Cada filme é uma oração. Nesse sentido, os festivais ao redor do Brasil são nossas igrejas, onde rezamos pelo cinema brasileiro. E Gramado é nossa catedral”, disse na noite do último sábado (10), no Palácio dos Festivais, em Gramado.

Matheus Nachtergaele exaltou o cinema brasileiro ao receber o troféu Oscarito, Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

O ator e diretor havia acabado de receber o Troféu Oscarito, a maior homenagem concedida pelo Festival de Cinema de Gramado desde 1990 para grandes atores e atrizes do cinema nacional.

Antes, no palco, um vídeo relembrou sua carreira e os muitos pontos de contato com o Festival de Gramado, como a estreia de seu único longa como diretor, “A Festa da Menina Morta”, que ocorreu no festival da Serra Gaúcha em 2008.

E também o filme “Mais Pesado É o Céu”, que ganhou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Montagem e Prêmio Especial do Júri em 2023. Matheus ressaltou que “é um filme é para ser visto nas telas grandes”. A obra estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, dia 8.

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Muita gente chorou na plateia lotada, quando o ator dedicou a honraria às mais de duzentas mil famílias que seguem desabrigadas no Rio Grande do Sul após as enchentes de maio. “Eu gostaria que meu carinho fosse material. Assim, dividiria ele em duzentas mil pequenas porções e daria para cada família que ainda está sem casa nesse estado”.

Mais Belo Cinema do Mundo

Uma das caras que definem o cinema nacional nas últimas três décadas, Matheus esteve presente em algumas das mais icônicas produções do cinema brasileiro após a retomada em meados dos anos 1990. Em seu discurso, exaltou a produção nacional que para ele coloca o Brasil à frente da cinematografia de outros países no momento.

O ator e diretor em coletiva de imprensa antes de receber o Troféu Oscarito. Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

“O cinema tem sido desde sempre uma maneira de a gente se procurar, de a gente se encontrar e depois se perder de novo. Eu acho que faço parte do mais belo cinema do mundo. Eu sou realmente fã do cinema brasileiro, acho que o nosso cinema é mais legal do que os outros.”

Matheus também falou sobre o futuro do cinema na era dos streamings e como isso aumenta importância de festivais como Gramado.

“Acredito que o destino do cinema está em transição e que isso pode ser saudável para nós. É um momento muito interessante do cinema em que ele se mistura com o destino de todo tipo de audiovisual. O tempo dos filmes em cartaz é pouco, e temos as séries e filmes que já entram direto nos streamings, e a pandemia definiu isso ainda mais. Acredito que os filmes realmente bonitos vão morar cada vez mais nos festivais”, disse.

A programação do Festival de Gramado continua até o dia 17 de agosto, com homenagens a grandes nomes como Vera Fischer e Jorge Furtado.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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