Por Elaine Patrícia Cruz – Repórter da Agência Brasil 

As obras produzidas nos últimos cinco anos de vida de Leonilson (1957–1993) — período em que ficou conhecido como Leonilson Tardio e que apresenta o momento mais rico e complexo do artista — serão apresentadas a partir desta sexta-feira (23), na nova mostra em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp).

A exposição, intitulada Leonilson: Agora e as Oportunidades, reúne mais de 300 pinturas, desenhos, bordados, instalações e documentos de Leonilson, refletindo suas perspectivas políticas, públicas e íntimas. A curadoria da mostra é de Adriano Pedrosa, com assistência curatorial de Teo Teotonio.

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“Leonilson é um artista fundamental na história da arte contemporânea brasileira, uma figura incontornável do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, e entre os artistas que trabalham com a temática queer no panorama internacional”, disse Adriano Pedrosa, em entrevista à Agência Brasil.

“Seu trabalho tem um caráter extremamente particular, diarístico, refletindo sobre os temas de seu cotidiano, sejam mais pessoais, mais políticos, numa dimensão queer, ainda que sempre cheios de poesia, lirismo e beleza. Os últimos anos de sua produção, sobretudo a partir de 1989, são quando o artista produz as obras mais extraordinárias.”

Esses trabalhos, produzidos entre 1989 e 1993, serão apresentados de forma cronológica em cinco salas do primeiro andar do museu, cada uma dedicada a um desses anos.

“O ano de 1989 é um ponto de inflexão na trajetória do artista, e os cinco últimos anos de sua produção, de 1989 a 1993, são o período mais maduro, rico e complexo, quando ele produz obras verdadeiramente extraordinárias — tanto em desenho, pintura e, sobretudo, o bordado, culminando com seu último trabalho, a monumental Instalação sobre duas figuras (1993), apresentada na Capela do Morumbi, em São Paulo, poucas semanas antes de sua morte, e que nós remontaremos na exposição”, contou o curador.

Nos últimos cinco anos de vida, Leonilson desenvolveu um trabalho mais poético, com economia de cores e traços, trabalhando essencialmente com desenhos, objetos e bordados. Foi como uma espécie de diário que ele começou a retratar temas como o amor, os amantes, a sexualidade, as minorias e a aids. “Em 1991, descobre ser portador do vírus da aids, morrendo pouco menos de dois anos depois, em maio de 1993. Embora Leonilson tenha tido sucesso e reconhecimento em vida no Brasil, foi só após a morte que seu trabalho começou a adquirir reconhecimento internacional mais significativo”, explicou Pedrosa.

Figura Incontornável

Além das obras no primeiro andar, o primeiro subsolo do museu apresentará suas ilustrações feitas para a coluna de comportamento Talk of the Town – o ti-ti-ti da cidade, de Barbara Gancia, no jornal Folha de S.Paulo, além dos vídeos documentais Com o oceano inteiro para nadar (1997), dirigido por Karen Harley, e A paixão de JL (2014), dirigido por Carlos Nader.

A exposição Leonilson: Agora e as Oportunidades integra a programação anual do Masp dedicada às histórias da diversidade LGBTQIA+ e fica em cartaz até 17 de novembro. “Leonilson é uma figura incontornável no panorama internacional de artistas trabalhando com temas queer nos anos 1990 e, de fato, um pioneiro no cenário brasileiro. Hoje vemos muitos artistas trabalhando abertamente com essas questões, mas ele foi o primeiro a tratar temas, narrativas e figuras relacionadas à homoafetividade, sexualidade e à própria aids”, concluiu Pedrosa.

SERVIÇO

Onde: Museu de Arte de São Paulo (Masp)

Quando: de 23 de agosto a 17 de novembro

Quanto: Adultos R$ 70, Estudantes/Professores R$ 35 e Maiores de 60 anos R$ 35

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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