Acontece na próxima semana, nos dias 16, 17 e 20, a segunda edição do fórum Teat(r)o Oficina na USP, organizado em memória do dramaturgo paulista José Celso Martinez Corrêa (1937-2023) e como celebração à sua companhia, o Teatro Oficina Uzyna Uzona, fundada em 1958 na Faculdade de Direito da USP.

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O evento vai apresentar mesas de debate, coros de música e exibições de filmes, além de um concerto teatral de Marcelo Drummond, viúvo de José Celso e diretor do Oficina. A entrada é grátis. A programação completa do fórum está disponível no site do evento.

O fórum foi criado em 2023 como uma homenagem a José Celso Martinez Corrêa, que morreu em um incêndio ocorrido no seu apartamento em julho daquele ano.

José Celso Martinez Corrêa morreu em 2023. Foto: Acervo EBC

Sob orientação da professora Tessa Moura Lacerda, do Departamento de Filosofia da FFLCH, alunos de Filosofia e de Artes Cênicas organizaram esta segunda edição com novos ares.

“Não só mais como uma forma de homenagem, mas agora como uma forma de dar caminho ao leque que se abriu nessa encruzilhada”, diz o estudante de Filosofia João Paulo Amadeu Martins, um dos idealizadores do fórum.

Para Martins, a homenagem surge de uma necessidade de saudar Zé Celso, que segundo ele é crescente nos estudantes criadores do fórum desde a morte do dramaturgo. “Fazer esse evento junto com pessoas dessa companhia teatral é uma forma também de fazer filosofia”, disse o estudante.

As atividades do primeiro dia do evento vão traçar as relações entre a companhia e o roteirista francês Antonin Artaud (1896-1948).  Às 14 horas, o Cinusp vai exibir o filme Pra Dar Um Fim no Juízo de Deus (2015), adaptação brasileira de uma peça radiofônica escrita pelo francês em 1947.

O Teatro Oficina revisitou o roteiro em 1996, a fim de comemorar o centenário do autor. “Foi uma montagem que marcou a conotação vívida do Artaud, feita em um momento de ressurgimento do Teatro Oficina no final dos anos 1990, depois da reinauguração”, afirma Martins.

A adaptação será debatida na mesa O Oficina e Seu Artaud, no dia 16, às 16h30, com a participação de Cassiano Sydow Quilici (Unicamp), Joana Medeiros (Oficina) e Luiz Fernando Ramos (USP) e a mediação de Valmir Santos (USP).

Além disso, ela será tema também da mesa No Final do Juízo em 96, no dia 16, às 19h30, com Marcelo Drummond, Celso Sim e Pascoal da Conceição, todos do Oficina.

“O Oficina e o Zé Celso encontraram uma pulsão de vida, uma paixão pelo viver, pelo aqui e agora, uma vontade de entrega do ser humano a essas camadas de excelência do corpo e da experiência transcendental”, explica Martins.

Um coro regido por Letícia Coura, do Oficina, canta às 19 horas no vão do prédio de História da FFLCH.

O Rei e o Parque

No dia 17, o fórum vai levar ao centro das discussões a resistência do Oficina à ditadura militar (1964-1985). O filme O Rei da Vela (1982), adaptação histórica da peça de Oswald de Andrade, será exibido no Cinusp, às 13 horas, com a presença de Noilton Nunes, que trabalhou na produção do filme ao longo de 11 anos, devido ao exílio de José Celso e de outros artistas.

O futuro Parque Municipal do Bixiga, a ser construído nos arredores do Teatro Oficina, será o assunto da mesa Tortura, Exílio e Reexistência, no dia 17, às 16h30, mediada pela professora Tessa Lacerda.

A criação do parque foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo em julho passado. “Um dos intuitos do evento é dar mais um canal de voz às lideranças da luta pelo Parque do Bixiga”, diz Martins. “A gente vai dar continuidade a essa luta, e estamos fazendo acontecer.”

No dia 20, às 20 horas, no Tusp, as constantes transformações do Teatro Oficina ao longo da história fazem com que ele seja chamado de Paraíso em Obras.

Esse é o título da peça que constitui o trabalho mais recente de Marcello Drummond, estreado em 30 de março passado, dia em que José Celso completaria 87 anos.

Evento na USP é “carta de amor ao teatro Oficina”. Foto: Acervo EBC

O concerto reconta a história do diretor na companhia, “em uma miscelânea de imagens de situações que vão se traduzindo a partir de um vídeo que ele transmite e de incorporações que ele mesmo refaz e desfaz em cena, ao vivo e em cores”, como diz João Paulo Martins. “É uma carta de amor não só à história de Marcelo Drummond, mas também ao próprio Teatro Oficina.”

Segundo Martins, o fórum tem o objetivo de integrar o ambiente acadêmico ao teatral, unindo pesquisadores e atores do Oficina.

“A nossa vontade é tirar das bibliotecas e das páginas da web as dissertações feitas sobre o Oficina e estampá-las, tirar do artigo e colocar em cima da mesa. É também uma forma de alcançar o mais possível a tradução do próprio Teatro Oficina.”

O fórum Teat(r)o Oficina na USP acontece nos dias 16, 17 e 20 de setembro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP (Avenida Professor Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária, em São Paulo), no Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp) e no Teatro da USP, ambos situados no Centro Cultural Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, em São Paulo).

Entrada grátis. Mais informações e a programação completa do fórum estão disponíveis no site do evento.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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