Arinos é um pequeno município no noroeste de Minas Gerais. Dentro de seu território, fica o distrito de Sagarana, a localidade do cerrado mineiro cuja simples menção abre a porta ao universo literário de João Guimarães Rosa.
É a partir de Arinos que, todos os anos, no mês de abril, parte o projeto Caminho do Sertão, uma caminhada de cerca de 200 quilômetros que segue as “pegadas” do jagunço Riobaldo, personagem do romance Grande Sertão: Veredas, de Rosa.
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É lá também que, até este sábado (21), acontece a oitava edição do Cine Baru, uma mostra de cinema voltada para a produção audiovisual de Minas Gerais e dos outros três estados vizinhos que hoje sofrem com incêndios provavelmente criminosos: Goiás, Distrito Federal e Bahia.
Cinema na terra batida
O Cine Baru concorre com grandes chances ao posto de mais poético e bonito festival de cinema do país. A tela onde os filmes são exibidos fica ao ar livre, no campinho de futebol de terra batida da Vila de Sagarana. A mostra competitiva de filmes do festival também tem esse nome: Mostra Sagarana.
Em entrevista ao Blog do Sylvio, hospedado no indispensável Congresso em Foco, a produtora Simone Veloso, uma das idealizadoras do projeto, define o Cine Baru como “um espaço de resistência cultural que celebra a diversidade e as tradições do cerrado por meio do cinema”.
Ela disse que além de trabalhar pela descentralização e interiorização da cultura, o projeto, explicam seus organizadores, “busca trazer um olhar sensível nas questões ligadas ao meio ambiente e na exploração dos meios pelos quais a emergência climática afeta os modos de vida de todos, em distintas proporções”.
O Cine Baru já exibiu mais de 200 filmes desde 2017. Neste ano, serão 29 curtas (de até 30 minutos). O evento também inclui oficinas, debates e, pela primeira vez, a seleção de cinco longas que serão produzidos com o apoio dos organizadores da mostra.
- Saiba tudo sobre o Cine Baru aqui.
Baru é o nome de uma espécie de castanha típica da região, que, além de muito gostosa, tem grandes qualidades terapêuticas e nutritivas. Como diria Guimarães Rosa, “o sertão é quando menos se espera e tudo que é bonito é absurdo”.