A exposição Qualquer coisa animal foi aberta na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP. Esse trabalho da artista plástica e escritora Esther Faingold pretende construir um mundo simbólico e de atmosfera surrealista para explorar os limites entre a corporeidade e a experiência sutil.

A mostra reúne montagens, fotos, videoartes e corpos escultóricos, compostos a partir de corpos de bonecas de pano da época vitoriana (1837-1901), que encarnavam originalmente o estereótipo da repressão sexual e da subserviência ao homem.

Uma das peças da exposição fruto do trabalho de Esther Faingold. Foto: Eduardo Ortega

Esses materiais são colecionados e refeitos por Esther, que intervém nos corpos e acrescenta objetos em alusão à memória e a processos de subjetivação.

A artista explica que os “corpos inanimados que não puderam apaziguar o sofrimento de suas donas e tampouco sucumbiram ao tempo, precisariam se emancipar, ter voz, ter sexo, ter qualquer coisa animal”.

Nesse sentido, a exposição propõe uma reflexão na qual os limites do corpo, a natureza dos papéis sociais e os estigmas psiquiátricos são postos à prova.

Esther, que se iniciou nas artes após uma carreira consolidada como poetisa e escritora, é pós-graduada em Política Internacional e História da Arte pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

Qualquer coisa animal

Qualquer coisa animal é a primeira exposição individual apresentada por ela, que transita há 20 anos pelo universo da arte, explorando diversos caminhos e disciplinas, da literatura ao design industrial.

Para Luiz Armando Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e curador da exposição, o trabalho de Esther pode ser observado pelas lentes do dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948):

“A tradução dos sentimentos mais primitivos ou puros dos seres humanos só pode ocorrer num lugar inacessível para a linguagem e para a razão; é exatamente nesse local onde poderíamos nos reconciliar com nós mesmos enquanto Natureza”.

Durante o período em que estará aberta à visitação, a exposição contará com encontros de intelectuais e artistas convidados, que tratarão dos desdobramentos e processos relacionados ao trabalho de Esther, além de ações educativas promovidas pelo JA.CA Centro de Arte e Tecnologia.

Matéria escrita por Elana Souza e publicada no Jornal da USP. 

Serviço

Exposição Qualquer coisa animal

Quando: até 22/11, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h

Onde: Átrio da BBM e Sala BNDES/Subsolo da Livraria Edusp, na Rua da Biblioteca, 21, Espaço Brasiliana – Cidade Universitária, São Paulo

Quanto: Entrada gratuita e sem necessidade de agendamento

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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