Nesta quarta-feira, 25, a Galeria do Largo inaugura a exposição Banho de Rio, do artista Paulo Desana, com início às 18h30. Paulo, indígena da etnia Desana, de São Gabriel da Cachoeira, no coração do Rio Negro, no Amazonas, tem uma carreira de 15 anos na fotografia, direção, artes visuais e produção. Ele utiliza sua arte como uma ponte para revelar a vida cotidiana das comunidades ribeirinhas.

A exposição é um mergulho visual nas memórias e experiências que Paulo vivenciou em suas viagens pelas margens dos rios de sua terra natal. Banho de Rio apresenta fotografias que capturam momentos de pura conexão com a natureza, especialmente nas cenas em que crianças brincam e se divertem nas águas dos rios. Essas imagens refletem um modo de vida profundamente ligado à floresta e aos ciclos naturais.

Harmonia entre humano e natureza

A inspiração do fotógrafo surgiu de suas próprias memórias de infância, quando, assim como as crianças que ele fotografa, corria descalço pela margem do rio, cavava o barro de tabatinga e deslizava até as águas. “As crianças indígenas, com seus sorrisos largos e olhos brilhantes, correm descalças pela margem, deixando leves pegadas na terra úmida”, descreve o artista em um dos textos que acompanham a exposição.

Conexão entre o humano e a natureza na mostra Banho de Rio. Foto: Paulo Desana/Reprodução

Cada fotografia é uma tentativa de eternizar esses momentos de simplicidade e alegria, revelando a harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas imagens, é possível sentir a pureza dos risos ecoando pela mata, as canoas atravessando o rio e o encantamento com a água que parece envolver as crianças em um abraço familiar. “No rio, encontram não apenas diversão, mas também uma sensação de pertencimento e liberdade que só aquele ambiente pode proporcionar”, afirma Paulo.

Desana revela que um dos maiores desafios ao realizar esse trabalho foi capturar a essência do momento sem interromper a espontaneidade das crianças. “O desafio é sempre que eles não percebam, para que elas fiquem à vontade, brincando, correndo, rindo, se divertindo”, comenta o fotógrafo.

Esse esforço de invisibilidade busca preservar a naturalidade das interações, permitindo que a intimidade e a conexão com o rio se revelem de forma autêntica nas fotografias.

Além de retratar as crianças, Paulo também captura a rotina das mulheres, que, enquanto lavam roupas nas pedras, observam seus filhos e sobrinhos brincarem nas águas. Esses momentos simples do cotidiano ribeirinho são apresentados na exposição com uma sensibilidade que remete à própria infância do artista, evocando uma saudade dos tempos em que ele próprio fazia parte dessas cenas.

Memórias da beira do rio

Banho de Rio propõe uma reflexão sobre a relação entre o ser humano e o meio ambiente, sobre como a infância nas comunidades ribeirinhas é moldada pelo contato com a natureza, e como esses momentos são fundamentais para a construção de identidades e memórias. Paulo Desana busca, por meio de sua arte, resgatar essas vivências e eternizar a infância que o rio, em sua memória, guarda com carinho.

Memórias da beira do Rio Negro no Amazonas. Foto: Paulo Desana/Reprodução

Com uma abordagem delicada e nostálgica, a exposição desperta questionamentos sobre a preservação dessas comunidades e dos ecossistemas que as sustentam. Paulo Desana nos lembra da importância de preservar não apenas o rio, mas também as memórias e tradições que ele carrega ao longo de suas águas.

Exposição ‘Banho de Rio’, de Paulo Desana

Onde: Galeria do Largo, Manaus

Quando: 25 de setembro de 2024, às 18h30

Quanto: Entrada gratuita

 

 

 

 

 

 

 

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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