“No mês de outubro

Em Belém do Pará

São dias de alegria e muita fé

Começa com intensa

romaria matinal o Círio de Nazaré…”

são as primeiras linhas do samba enredo do Estácio de Sá, campeão do Carnaval de 1975, escrito por Dario Marciano, Aderbal Moreira e Nilo Mendes e revelam a dimensão que a maior festa popular e religiosa do Pará alcança no imaginário nacional.

Foto: Agência Brasil/EBC

No Pará, nem se fala. Grande parte da vida em Belém, se organiza em torno da festa. Criado há 38 anos para salvaguardar a memória desta tradição o Museu do Círio recebe a exposição imersiva “Círio de Sensações”. A mostra é gratuita e reúne obras digitais e físicas que retratam os símbolos e rituais do Círio de Nazaré, proporcionando ao público uma experiência sensorial única. A visitação acontece até o dia 26 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 17h.

Com direção de VJ Lobo e curadoria de Melissa Barbery, a mostra conta com uma sala 360º onde projeções de videomapping exploram a devoção popular e a cultura paraense. Entre os destaques, está a instalação “Grandeza das Imagens” e a obra “Amazônia em Glória”, que apresenta Nossa Senhora de Nazaré como Rainha da Amazônia, cercada por elementos da natureza amazônica.

“Estamos trazendo um grande e variado espaço que destaca a tecnologia e mostra o Círio de um jeito diferente. É um Círio para todos, crianças, adultos e idosos. Sem as pessoas, a exposição está incompleta. Ela precisa da presença e da circulação do público para ganhar vida”, disse Melissa Barbery.

Apresentada pelo Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale, a exposição é explorada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. A realização é da Amplicriativa, VJ Lobo, Ministério da Cultura e Governo Federal, com o apoio do Sistema Integrado de Museus e da Secretaria de Estado de Cultura (Secult- PA).

A exposição contará com diversas medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência e neurodiversas como rampas de acesso, intérpretes de Libras, placas com descrições em braille e recursos para acomodação sensorial, além de ajustes para pessoas com sensibilidade a luzes e sons. Um QR code na obra audiovisual permitirá ativar legendas e avisos de conteúdo sensível serão disponibilizados na entrada.

Museu do Círio faz 38 anos.

Administrado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o museu foi criado em 1986, idealizado pelo jornalista Carlos Roque. Inicialmente o equipamento foi sediado no subsolo da Basílica de Nazaré, mas desde 2002 foi transferido para o Complexo Feliz Lusitânia, onde funciona até os dias atuais.

Construído para abrigar registros do Círio de Nazaré, uma das maiores festas religiosas do mundo, que ocorre há mais de 200 anos, o museu possui um acervo com 2 mil peças, que compõem 11 coleções. Os objetos vão desde representações de artigos religiosos, com arte sacra do século XIX, até artigos de ex-votos e a arte popular com as peças tradicionais em miriti.

O Círio de Nazaré foi declarado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além disso, recebeu o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Exposição “Círio de Sensações”

Quando: 28 de setembro a 26 de outubro, terça a domingo, das 9h às 17h
Onde: Museu do Círio – Rua Padre Champagnat, s/n, Cidade Velha (Complexo Feliz Lusitânia)
Quanto: Entrada: Gratuita

 

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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