Na Festa Literária das Periferias (FLUP) que acontece entre os dias 11 e 17 de novembro, no Circo Voador, Rio de Janeiro, mais de 90% das atividades são conduzidas por personalidades femininas ligadas à arte e à academia.

Na programação que destaca o protagonismo de mulheres negras, a FLUP homenageia a historiadora e ativista Beatriz Nascimento (1942-1995), reconhecida por sua luta em prol dos direitos das mulheres e da população negra. O conceito de quilombo, que permeia sua obra, será um dos pilares da programação do evento.

Beatriz Nascimento é a homenageada da Flup 2024. Foto: Arquivo Nacional

Durante o Ciclo de Debates Aquilombamentos, representantes de comunidades e de organizações ligadas às pautas raciais, étnicas, de gênero e climáticas precederão o Fórum do G20, fortalecendo o debate público sobre as questões das periferias – globais e brasileiras – em conexão com movimentos de resistência.

“O Rio de Janeiro receberá as principais lideranças políticas e econômicas mundiais enquanto a Flup conecta periferias brasileiras a um diálogo global, sobre raça e cultura – inerente às discussões econômicas do G20”, destacou o diretor-fundador da Flup, Julio Ludemir.

No primeiro dia do evento, está prevista uma mesa literária intitulada O que Queremos para Ontem?, com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. No dia 13 de novembro, está programada uma mesa literária chamada Insiders/ Outsiders, com a escritora Conceição Evaristo.

Reconhecida em 2023 como patrimônio cultural de natureza imaterial pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a Flup tem programação gratuita e para todas as idades. Apresentado pelo Ministério da Cultura e Shell, o evento tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Globo por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e apoio é da Fundação Ford.

Curadoria

A Flup tem curadora internacional da professora e pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang, especialista em estudos franceses e francófonos, com pesquisas focadas na negritude contemporânea na França. Entre os curadores nacionais, estão os jornalistas Duda Nascimento e Jefferson Barbosa, destaques na promoção da cultura e dos direitos das periferias no Brasil.

“Mame-Fatou Niang traz uma perspectiva única para a Flup deste ano, conectando as periferias brasileiras a um diálogo global sobre raça e cultura que não pode ser ignorado nas discussões econômicas do G20”, disise Ludemir.

A Festa Literária das Periferias (Flup) busca proporcionar outras experiências literárias e, por isso atua em territórios periféricos abrindo caminhos para que livros, ideias e experiências antes à margem possam chegar mais longe.

Edição da Flup em 2022 foi na Favela da Maré. Foto: Reprodução/https://www.redesdamare.org.br

Em 12 anos atuando no Rio de Janeiro, a FLUP já passou pelo Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia, Vidigal, Cidade de Deus, Maré, Biblioteca Parque, Museu de Arte do Rio (MAR) e Providência, promovendo encontros entre grandes personalidades da literatura, nacionais e internacionais. A FLUP é um festival feito por equipes de produção majoritariamente negras e com mulheres em cargos de liderança. O evento conta com patrocínio da Shell.

Desde 2012, a Flup é realizada todos os anos. O festival, que já liderou a publicação de mais de duas dezenas de livros de autores das periferias do Rio de Janeiro, foi destaque em 2020 no Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do país. A Flup venceu na categoria Fomento à Leitura. No ano passado, uma lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro declarando o festival patrimônio cultural imaterial.

Os organizadores costumam levar as atividades para territórios tradicionalmente excluídos dos programas literários. Já passou, por exemplo, pelo Morro dos Prazeres, por Vigário Geral e pela Ladeira do Livramento. O evento que apresenta a agenda anual de 2024 será no Circo Crescer e Viver, espaço criado em 2021 na região central do Rio, onde são desenvolvidos projetos que valorizam a arte como ferramenta pedagógica e que beneficiam crianças, adolescentes e jovens.

Beatriz Nascimento

Nascida no Sergipe em 1942, Beatriz Nascimento fez graduação em história no Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na capital fluminense, desenvolveu a carreira até perder a vida em um crime brutal. Em janeiro de 1995, ela foi baleada na frente de testemunhas em um bar no bairro de Botafogo, na zona sul da cidade. O assassino era o ex-companheiro de uma amiga, a quem Beatriz havia aconselhado a separação após ouvir suas reclamações de violência doméstica. Julgado, ele foi condenado a 17 anos de prisão.

 

“Ao homenagear Beatriz Nascimento, a Flup traz o conceito de quilombo agregação, comunidade e luta como fundamento da sua programação anual”, afirmam os organizadores. Eles também anunciaram que a programação anual abrirá espaço para uma rede de 100 mulheres acadêmicas negras, criada pelas pesquisadoras Thaís Alves Marinho e Rosinalda Simoni.

Com Informações da Agência Brasil/EBC

FLUP 2024 – Festa Literária das Periferias

Onde: Circo Voador, Lapa, Rio de Janeiro

Quando: de 11 a 17 de novembro de 2024

Quanto: entrada gratuita

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