Será lançado na segunda-feira (04) o livro Teatro de Comédia do Paraná – 60 Anos, do jornalista e produtor cultural Alvaro Collaço. O evento, que faz parte das comemorações dos 140 anos do Teatro Guaíra, será às 19h, no auditório Salvador de Ferrante (Guairinha). A obra envolve a memória e o legado histórico do TCP, resgatando seis décadas de montagens que marcaram o teatro paranaense.

Áldice Lopes e Alvaro Collaço: pesquisa profunda sobre o TCP. Foto: CCTG

A próxima montagem do TCP, Daqui Ninguém Sai, com direção de Nena Inoue e texto baseado em Dalton Trevisan é a primeira atração anunciada do próximo Festival de Curitiba

Alvaro Collaço traz o registro e detalhes curiosos de todas as 74 peças produzidas unicamente pelo TCP, com um vasto acervo documental, incluindo informações sobre montagens icônicas baseadas em obras de dramaturgos mundialmente consagrados. “É um livro jornalístico e, ao mesmo tempo, de memórias e que traz histórias, não apenas das produções, mas dos artistas que participaram das peças”, diz.

 

É também um trabalho de fôlego. Collaço entrevistou 92 pessoas, fez pesquisas em jornais da época , publicações de críticas, livros, programas e espetáculos e entrevistas em vídeos.

Para Áldice Lopes, diretor artístico do Teatro Guaíra, o TCP teve um papel fundamental na consolidação do teatro profissional no Paraná. Ele destaca que, até 1963, quando da sua criação, as produções no Estado eram predominantemente amadoras. “Foram 74 espetáculos produzidos e mais de 1.500 pessoas que trabalharam junto às montagens do TCP ao longo de 60 anos”, destaca.

Paulo Autran em ‘A Vida de Galileu’. Foto: CCTG

A estreia de “Um Elefante no Caos”, primeira peça encenada pelo grupo em 1963, com texto de Millôr Fernandes e direção de Cláudio Corrêa e Castro, simbolizou um momento de transformação no teatro do Paraná, levando ao público uma produção bem-humorada e reflexiva sobre o caos social e político da época.

Esse primeiro espetáculo pavimentou o caminho para que o TCP se consolidasse como referência de teatro profissional no Estado. Claudio Corrêa e Castro foi o primeiro diretor artístico do TCP. Da companhia participaram artistas importantes como Paulo Goulart, Nicete Bruno, Lala Schneider, Sale Wolokita, Manuel Kobachuk, José Maria Santos, Joel de Oliveira, Lúcio Weber, Maurício Távora, Odelair Rodrigues, Edson D’Avila, entre muitos outros.

Em seguida, o TCP realizou uma das montagens mais emblemáticas da história do teatro paranaense: “A Megera Domada”, de Willian  Shakespeare, de 1964, em comemoração ao quarto centenário do dramaturgo inglês. A montagem se tornou um marco da cena teatral brasileira. “O TCP foi o núcleo que gerou a profissionalização do teatro paranaense”, comenta Collaço. “A montagem de clássicos com grandes investimentos estabeleceu um padrão e criou uma referência cultural para o público.”

Um Elefante no Caos, a primeira peça do TCP. Foto CCTG

Montagens Icônicas

Em 1967, o TCP foi a primeira companhia do Brasil a encenar “Schweyk na Segunda Guerra Mundial”, de Bertolt Brecht, novamente com direção de Cláudio Corrêa e Castro: uma ousadia em plena Ditadura Militar. Em 1974 o TCP participou da inauguração do Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão) com a peça “Paraná, Terra de Todas as Gentes”, de Adherbal Fortes e Paulo Vitola, sob direção de Maurício Távora.

Outros destaques incluem “O Contestado” (1979), escrito por Romário Borelli, com direção de Emílio Di Biasi, que trouxe para os palcos a questão histórica do conflito no Sul do Brasil; “Zumbi” (1984), de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal dirigido por Oraci Gemba, e “Colônia Cecília” (1984), de Renata Pallottini e direção de Ademar Guerra .

TCP completa 60 anos com a história contada. Foto: CCTG

No final dos anos 1980, o TCP  ganhou um novo impulso com montagens importantes como “A vida de Galileu (1989)”, de Bertold Brecht, com Paulo Autran no papel principal e direção de Celso Nunes. Desta época também se destacam “Mistérios de Curitiba (1990)”, direção de Ademar Guerra e que trouxe pela primeira vez os contos de Dalton Trevisan ao palco; “New York por Will Eisner” (1990), de Edson Bueno; “As Bruxas de Salem” (1990), de Arthur Miller e dirigida por Marcelo Marchioro. O TCP ainda produziu com sucesso “A Aurora da Minha Vida” (1997), de Naum Alves de Souza e direção de Gabriel Vilela.

A mais recente montagem do TCP se transformou em um projeto virtual durante o período da pandemia: “Dossiê TodoMundo!”, que foi inspirado na peça “TodoMundo!”, de Branden Jacobs-Jenkins e realizada em 2020, quando os palcos estavam fechados. A peça virtual foi apresentada nas redes sociais do TCP e do Teatro Guaíra.

 

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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