25 anos se passaram desde o lançamento de Babado Forte, de Erika Palomino, o livro cult do jornalismo cultural brasileiro com foco em moda comportamento e  vida noturna brasileira.

Acontece que o Babado Forte, ou BBD FRT, para os mais chegados, está de novo na pista com uma edição ampliada e atualizada lançada pela Editora Ubu para entender como está o cenário do underground da diversidade nacional um quarto de século depois.

Palomino e a equipe por ela montada tiveram a manhã de reinterpretar – a luz de uma certa antropofagia do século 21 – o que e aconteceu com a cena e os personagens mapeados no primeiro livro.

A cena clubber dos anos 1990 era o tema de Babado Forte. Foto:

O livro reportagem conta com pesquisas de “gente grande” como Camila Ribeiro, Carolina Casarin, Claudia Assef, Danilo Satou, Fabiano Moreira, Felipe Venancio, GG Albuquerque, Gilberto Porcidonio, Giu Mesquita, Hanayrá Negreiros, Lufe Steffen, Nerie Bento, Rafael Ricarte, Rener Oliveira e Tom Grito.

Enquanto a obra original reunia mais relatos e entrevistas sobre a cena clubber  e os movimentos e interesses da juventude das pistas de dança underground e gay do Rio e de São Paulo ao longo dos anos 1990, a nova edição traz mais de 70% de conteúdo inédito, cobrindo também experiências mais recente de capitais como São Luís, Belém, Recife e Salvador para expandir a discussão a partir de uma nova configuração socioeconômica do país.

Novo Underground

Desta vez, entram em cena não apenas a moda, a música e a noite que faziam a cabeça dos jovens daquela década, mas também as mudanças drásticas na maneira de pensar, fazer e agir das gerações Y e Z diante do que herdaram dos (ex)jovens da geração X.

Erika Palomino reflete sobre a relação da juventude dos anos 90 com a cultura estrangeira, marcada por uma admiração intensa que alimentou o movimento cultural nacional.

Para ela, as gerações atuais metabolizaram essa influência e criaram uma cultura jovem com “sotaque brasileiro”. Essa transformação foi vista nas festas de rua e na ocupação carnavalesca, especialmente no Rio.

Ela destaca também o “bedroom DJ”, popularizado pelo acesso às novas tecnologias. Erika prevê que essa democratização aumentará, e a influência do Norte e Nordeste continuará crescendo no cenário nacional.

O Paredão Crocodilo, do Pará é exemplo do novo underground. Foto: Divulgação

Em uma série de relatos ricos em detalhes, Palomino narra a criação e a constante transformação de cenas singulares, mostrando como a resposta original de artistas locais a influências estrangeiras forjou fenômenos ancorados na realidade brasileira.

Manifestações como como a cultura drag e o ballroom, as estéticas mandraka e de cria, festas de rua, itinerantes, raves, aparelhagens e bailes funk, que reverberam um mundo sociomusical único de ritmos que vão do tecnobrega ao hip-hop, do rap ao eletropagode, da house à pisadinha, do trap ao brazilian bass são o underground contemporâneo. Nas ruas e fora do eixo central da economia do país com personagens que representam o espírito da contracultura em gerações de jovens do Brasil.

Como diz o material da editora, “a noite é apresentada como encruzilhada mutante de sons e de gentes, como ocupação urbana, como fonte de vida inesgotável para quem tem pressa de existir e encontrou sob a luz de led seu lugar ao sol”.

Babado Forte é um projeto do Centro Cultural Vale Maranhão e Ubu Editora, com o patrocínio da Vale e do Instituto Cultural Vale.

‘Babado forte’
Autora: Erika Palomino.
Editora: Ubu.
Páginas: 464
Preço: R$ 169,90

 

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