Entre os dias 21 e 27 de novembro, o Instituto Brasil-Israel (IBI) realiza a 3ª edição da Mostra de Cinema Israelense. O evento, que tem apoio do Sesc e acontece de forma online e gratuita, destacará o trabalho de David Perlov, cineasta brasileiro que revolucionou a arte das telonas em Israel.
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Serão exibidas algumas de suas obras, como o Em Jerusalém, de 1963, considerado um dos filmes mais poéticos já produzidos no país; o 42:6, uma biografia livre do líder David Ben-Gurion, consagrada figura nacional; e os seis capítulos dos Diários, registros pessoais de Perlov que testemunham a realidade de Israel. Diários é considerado uma mistura de filmes caseiros, documentário político e cinema-verité, o que lhe dá todas as características de uma obra única.
Biografia
Perlov nasceu no Rio de Janeiro, em 1930. Ele iniciou seu trabalho cinematográfico em 1952, ao se mudar para Paris, onde trabalhou na Cinemateca Francesa junto do lendário fundador Henri Langlois, uma das figuras mais destacadas no desenvolvimento do cinema francês naquele período. Ali, o brasileiro conheceu cineastas como Roberto Rossellini, Georges Franju e o documentarista Joris Ivens, cujas obras serviram como influências seminais em seu trabalho.
Em 1958, aos 28 anos, David Perlov imigrou para Israel com sua esposa, Mira. Ao longo de sua vida, nunca se cansou de relatar o quão difícil era se integrar à sociedade local. Sob certos pontos de vista, ele sempre se via como um forasteiro ali, mas ao mesmo tempo como um residente entusiasta que estava comprometido com o lugar.
Essa atitude deriva em grande parte do tratamento que ele recebia por parte do establishment, que muitas vezes colocava obstáculos em seu caminho e, até o fim, não sabia exatamente como lidar com ele. Isso, especialmente após dirigir o filme 42:6, em 1969, que não agradou o establishment.
Na verdade, é preciso lembrar que desde o filme Em Jerusalém, de 1963, que foi premiado em Veneza, o estilo realista e intimista de Perlov não ia ao encontro da então narrativa sionista predominante do período, permeada pelos modelos de filmes de propaganda ao estilo soviético.
Diários
Mas, seu trabalho mais importante são os Diários, filmados entre 1973 e 1983 como uma resposta do cineasta brasileiro à falta de incentivo estatal para suas produções. No início, com uma câmera de 16mm, Perlov filma a sua vida e a vida cidade, alternando interiores e exteriores de seu apartamento no 3º andar de um prédio em Tel Aviv. Esta alternância entre público e privado estabeleceria um diálogo entre os momentos da família e o que acontecia em Israel no período. Em 2003, Perlov faleceu, aos 73 anos
Outros destaques da Mostra
Além do destaque ao cineasta brasileiro, a 3ª edição da Mostra de Cinema Israelense também apresenta ao público filmes com visões de uma sociedade em permanente mobilização. Sob a curadoria de Bruno Szlak, as obras escolhidas servem como importante contribuição da sétima arte para ilustrar a coexistência possível na região, justamente em tempos de conflito.
Filmes inéditos no Brasil
JUNE ZERO*
Dir.: Jack Paltrow | Israel | 2022 | 105 minutos | Ficção
June Zero é um filme americano-israelense de drama que resvala em muitos momentos para a comédia, coescrito e dirigido por Jake Paltrow. É sobre o julgamento de Adolf Eichmann, criminoso de guerra nazista capturado pelo Mossad, julgado e condenado à morte em Israel. O foco principal é o destino do corpo de Eichmann. Estreou no 56º Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary.
*Exibição presencial em São Paulo.
Hamenaztchim
Dir.: Eliran Peled | Israel | 2023 | 118 minutos | Ficção
Com a vitória de Israel na Guerra de 1967, o musical Victory encontra a realidade israelense neste musical cativante. Ele acompanha dois casais do Kibutz Netzer Sirani, cujas vidas tomam rumos dramáticos no pós-guerra. No centro está Neta Agmon, cuja carreira de atriz decola assim que seu marido retorna da guerra, mudado para sempre. Esta história mistura a luta pessoal com a vibração de um musical, oferecendo uma visão nova e envolvente do impacto da guerra, do preço da fama e do poder do amor.
Cinema Sabaya
Dir.: Orit Fouchs Roten | Israel | 2021 | 95 minutos | Ficção
Drama estrelado por um elenco exclusivamente feminino, incluindo Dana Ivgi, Amal Murkus, Marlene Bejali, Ruthie Landau, Haula Haj-Divsi, Joanna Said, Yulia Tagil, Asil Farhat, Orit Samuel e Liora Levy. O filme conta a história de um grupo de mulheres árabes e judias que participa num workshop de vídeo num centro comunitário de uma pequena cidade gerido por Rona, uma jovem cineasta de Tel Aviv, que as ensina a documentar as suas vidas. Cinema Sabaya apresenta um retrato hábil e sincero da capacidade da arte de unir comunidades díspares, movendo-se sem esforço entre a gravidade de suas conversas e a alegria genuína gerada por este improvável grupo de amigos.
In the same boat*
Dir.: Aleksandra Petrova | Israel | 2024 | 60 minutos | Documentário
O documentário conta a história de árabes-israelense que, durante o ataque de 7 de outubro, enfrentaram todos os ricos e salvaram vidas de civis, destacando o espírito de comunidade e coragem.
*Exibição presencial em São Paulo.
3ª Mostra de Cinema Israelense
Quando: De 21 a 27 de novembro de 2024
Onde: Assista em Sesc / Cinema em Casa
Quanto: online e gratuito