Um dos poucos vícios a que tenho me entregado nos últimos meses é assistir a espetacular série de vídeo aulas A Longa Arte de Antônio Carlos Jobim faz a anatomia completa da obra do maior compositor de seu tempo.

A serie estreou em agosto, por ocasião dos 30 anos da morte de Tom, e são apresentada pelo violonista e compositor Arthur Nestrovski acompanhada pela cantora Paula Morelembaum, que integrou a banda de Jobim nas décadas de 1980 e 90 e que o colega de vídeo define, com exatidão, como a “predestinada intérprete de Tom Jobim”.

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A série é em seis capítulos com duração de cerca de 15 minutos em que a dupla analisa canções clássicas de Tom sob diversos pontos de vista. Cada episódio procura dar conta de uma fase da carreira de Tom. Para quem é músico e entende da arquitetura da composição deve ser ainda mais fascinante. Mas diletantes e interessados (como eu) também ficam deliciados ao descobrir a sofisticação simples do “maestro soberano”.

Veja o primeiro capítulo abaixo: 

“Para cada episódio, escolhemos uma ou mais canções para serem comentadas em detalhes, mostrando também exemplos ao violão. As escolhas são mais ou menos obrigatórias, como Desafinado e Garota de Ipanema no episódio sobre a bossa nova, ou Retrato em branco e preto ao falar da parceria com Chico Buarque. Mas cada uma é uma aula de composição e vai revelando maravilhas quanto mais de perto se escuta”, disse Nestrovski ao material de divulgação da Revista Piauí.

As Muitas Faces de Tom

Neste mesmo texto, Nestrovski explica que a ideia era mostram um Jobim muito amplo e que “há uma marca pessoal que ele imprime em tudo o que faz, nos mais variados gêneros”.

“Ele será conhecido para sempre como ‘o pai da bossa nova’. O que não está errado, mas é limitante. As canções deste gênero foram quase todas criadas entre 1958 e 1963, meros cinco anos de uma carreira com mais de quatro décadas. Ele já tinha criado muita coisa antes … partir da segunda metade dos anos 1960 começou a compor coisas que avançavam em direções muito diferentes da bossa nova. Basta pensar em Chovendo na Roseira, Águas de Março e outras obras-primas como Luiza e Passarim, todas com letra e música dele. Quanto mais distante da década de 1960, mais liberdade ele parecia se dar, compondo muitas vezes em moldes únicos, sem classificação. É bem o caso das canções ‘ecológicas’ da década de 1970, como Boto e Matita Perê, e várias peças instrumentais daquele período”, disse o violonista.

Há cinco anos, Nestrovski já tinha feito um projeto semelhante, durante o auge da pandemia, com a música de João Gilberto. Também era sensacional, mas o resultado aqui é ainda melhor e maior.

A série foi gravada em São Paulo, na Associação Cultural Cachuera, tem produção da Piauí, em coprodução com a Jobim Music, e patrocínio da Natura. A direção é de Renato Terra, responsável por documentários musicais como Uma noite em 67 e Narciso em férias, além das séries sobre Nara Leão e Tim Maia.

No começo de dezembro sai o episódio derradeiro e eu já estou na fila do YouTube.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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