A Pinacoteca de São Paulo inaugura neste sábado (23) a exposição Caipiras: das derrubadas à saudade, apresentando 70 obras de 35 artistas. A mostra analisa a construção histórica da figura do caipira na arte brasileira, com destaque para o impacto cultural e social dessa representação.
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Desde sua fundação em 1905, a Pinacoteca tem explorado esse tema, inicialmente com obras vindas do Museu Paulista, como Caipira picando fumo (1893) e Amolação interrompida (1894), de Almeida Júnior. Essas pinturas, presentes na exposição, são centrais para entender a abordagem histórica proposta pela mostra.
“A comoção diante dessas obras – realizadas há mais de 100 anos – é a medida do quão abertas elas estão ao nosso tempo, ou seja, de como seus significados ainda tocam as pessoas e são negociados no presente. Mas se um futuro consciente é fruto da análise da história, precisamos reconhecer as origens dessas pinturas para poder considerar sua relevância na atualidade”, afirma Yuri Quevedo, curador da mostra.
O caipira na arte
A figura do caipira surge como resultado de um projeto político-cultural no final do século XIX, refletindo a modernização de São Paulo e sua busca por protagonismo no Brasil. Inspirados pelo realismo e naturalismo europeus, os artistas buscaram no caipira uma versão local do trabalhador rural, similar ao que ocorria em outros países.
Na primeira sala expositiva, as obras apresentam a construção desse personagem, seus ofícios e o ambiente rural, com destaque para os trabalhos de Almeida Júnior, além de artistas estrangeiros como Carlo de Servi, Antonio Ferrigno e Lluis Graner.
Paisagens de transformação
Na segunda galeria, os visitantes encontram representações dos antecedentes do caipira, como bandeirantes, tropeiros e degredados. Obras como O derrubador brasileiro (1879), do Museu Nacional de Belas Artes, e Os descobridores (1899), do Museu Diplomático do Itamaraty, compõem esse espaço.
A narrativa também aborda as derrubadas de florestas, evidenciando como a pintura de paisagens denunciou a destruição ambiental no século XIX, num esforço artístico de registrar as mudanças da natureza brasileira.
A saudade na arte caipira
Na última sala, o foco se volta para o sistema cultural em que o caipira está inserido, refletindo seus hábitos e relações com a natureza. A obra Saudade (1899), de Almeida Júnior, uma das mais emblemáticas do artista, ocupa lugar central ao evocar o universo caipira com forte carga dramática.
A exposição conta com patrocínios de Bradesco (cota Platinum), Nescafé (cota Prata) e Comolatti (cota Bronze).
Caipiras: das derrubadas à saudade
Onde: Pinacoteca Luz (2º andar)
Quando: de 23 de novembro de 2024 a 13 de abril de 2025, de quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Quanto: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)