Se me perguntassem, naquele tipo de questão comum nos vídeos curtos de redes sociais que fazem tanto sucesso, sobre quem seria um escritor brasileiro subestimado, eu responderia: Osman Lins.

O romancista, contista e dramaturgo, nascido na cidade de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata pernambucana, em 1924, é autor, entre uma série de livros formidáveis lançados entre as décadas de 1950 e 70, alguns entre os melhores escritos no Brasil no século 20.

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Sua obra – vasta e variada – inclui poesia, teatro, novelas, contos e romances, entre os quais destacam-se os três últimos que publicou:  Nove, Novena (1966), Avalovara (1973) e A Rainha dos Cárceres da Grécia (1976), que o fazem ocupar um lugar singular na história da literatura brasileira.

  • Para entender melhor a literatura original de Osman Lins veja a análise do escritor Lucas Lazaretti no canal Livrada sobre A Rainha dos Cárceres da Grécia:

Um artesão de narrativas, cujo texto mais famoso, Lisbela e o prisioneiro, ganhou uma adaptação cinematográfica homônima pelo cineasta Guel Arraes em 2003.

Retábulo de Lins

Um século depois, como forma de celebrar sua vida e trazer sua obra novamente à luz, o Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) vai inaugurar a exposição Retábulo de Lins, que ficará em cartaz entre os dias 10 de dezembro de 2024 e 12 de janeiro de 2025.

A exposição é uma iniciativa de sua curadora, a poeta Elizabeth Hazin, que poeticamente construiu a exposição a partir da narrativa literária do texto O retábulo de Santa Joana Carolina, publicado no livro de Lins, Nove Novenas, para mergulhar na poética particular do autor.

A curadora Elizabeth Hazin (à esquerda, de preto), ao lado dos artistas da exposição. Foto Eliza Albuquerque/Divulgação

Um texto escrito para homenagear a avó que o criou desde a morte precoce de sua mãe, semanas depois de seu nascimento, está cheio de elementos poéticos e religiosos que convergem em prosa imagética.

  • Para saber mais sobre Osman Lins leia este perfil do autor publicado na Revista Pernambuco.

A exposição propõe uma releitura da obra por meio de 12 artistas plásticos pernambucanos que interpretaram os 12 mistérios do retábulo da personagem Joana Carolina: Maurício Arraes, Romero Andrade, Roberto Ploeg, Álvaro Caldas, Clériston Andrade, Timóteo, Jéssica Martins, Rikia Amaral, Tereza Pernambucano, Vânia Notaro, Fabiola Pimentel e Antônio Henrique.

Cada tela expande o significado literário, levando o público a vivenciar a profundidade e as complexidades do texto de Osman Lins em uma experiência visual.

Alquimia e Arquitetura

Além de revisitar o legado literário de Osman, a exposição ressalta sua relação com as artes visuais, enriquecida por referências a diversos campos do conhecimento, como geometria, música, matemática, alquimia, astrologia, filosofia e arquitetura.

Inspirado, em parte, por sua vivência na França em 1961, Lins integrou esses elementos de forma única em sua obra, e a exposição visa celebrar essa riqueza.

A programação inclui uma apresentação da Orquestra de Câmara Criança Cidadã e um desfile da estilista Eliane Mello, com a Coleção Osman Lins, inspirada no universo do autor.

Segundo Rinaldo Carvalho, diretor do Mepe, essa é uma oportunidade especial para que o público conheça e revisite o legado literário de Osman Lins: “É uma celebração tanto para aqueles que já conhecem suas obras quanto para aqueles que terão a chance de descobrir a profundidade desse grande escritor. O Mepe se sente honrado em acolher esta homenagem”, afirma o gestor.

Exposição O Retábulo de Lins

Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Mepe – Avenida Rui Barbosa, nº 960, bairro das Graças, Recife)

Quando: de 10 de dezembro de 2024 a 12 de janeiro de 2025

Quanto: entrada gratuita

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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