Em 2023, o escritor pernambucano Marcelino Freire, criador da Balada Literária, assistiu a um show da cantora Nayra Lima, em Teresina, durante o braço piauiense do evento. Logo nos primeiros acordes, veio a centelha do tema que informa o festival literário deste ano.
“Ela é a Rainha do Brega lá no Piauí. Uma grande cantora. Ela sabia profundamente cada música que interpretava. Tinha humor, tinha narrativa. Ela era a própria literatura. Daí veio logo no nosso juízo a alcunha BREGA LITERÁRIA em vez de Balada. A gente gosta de se surpreender”, explica Marcelino em entrevista ao Fringe.
Foi assim que esta palavra e conceito – que têm sentidos diferentes em cada região do país – abraçaram e foram abraçados pela Balada Literária, que chega à 19ª edição celebrando o brega como forma de arte popular que o público ama, mas a crítica nem sempre.
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Marcelino explica que quer promover o encontro entre a música ultra popular e a literatura. “Quais são os pontos de convergência? O que uma pode aprender com a outra? É namoro ou amizade?”, pergunta.
Para tanto, o evento apresenta uma programação que já passou por Piauí, Pernambuco e Bahia, misturando música e literatura, e chega a São Paulo nesta sexta (6). No Itaú Cultural (IC), serão três dias de atividades. Confira abaixo o que acontece a cada dia:
Confira abaixo o que acontece a cada dia:
Dia 6 de dezembro, sexta-feira
19h
Lançamentos literários, com sessão de autógrafos:
- Andressa Marques, livro A Construção, Editora Nós
- Karinne Costa, livro laboratório dos lábios labirínticos, Selo Baladeyra
- Francisco Filho, livro Alumiara, Editora Diadorim
20h
Mesa de abertura
- Boas-vindas da apresentadora da Balada, atriz Andreas Mendes
- Exibição do curta-metragem Poesia é o que sou, um tributo a Elio Ferreira
- Mesa de Abertura: “O que se ouve, o que se lê”
- Participantes: Wellington Soares (mediador), poeta MatriarcaK, poeta Rodrigo Lobo Damasceno e cantora e escritora Karina Buhr
Dia 7 de dezembro, sábado
19h
Lançamentos literários, com sessão de autógrafos:
- Nathallia Protazio, livro A faxineira mais bem paga do Bom Fim, Editora Zouk
- Thiago Cervan, fotolivro Aqui se apaga, Editora Urutau
- André Telles do Rosário, livro Arte pra Cooptar ETs, Editora Tamuatá
20h
Música e poesia:
- Fala, Poeta! Paulx Gialdroni (Argentina)
- Radiola de Ficha da Blubell convida Aivan e Bruna Prado
Dia 8 de dezembro, domingo
19h
Mais música e poesia
- Fala, Poeta! Exu do Amor, com Nelson Maca (Blackitude), curador da Balada Literária de Salvador/BA
- Radiola de Ficha do Maurício Pereira convida Zeca Baleiro
Marcelino acha que a literatura precisa do brega. “Desde o primeiro ano da Balada que misturamos todos os gêneros literários, sexuais, musicais. E olhe: funcionou. Estou voltando agora de Salvador. Só falta agora a Balada Brega em São Paulo. O público aprovou. A literatura precisa cada vez mais de Nayra Lima, de Odair José, de Evaldo Braga, de Reginaldo Rossi”, disse.
A Balada Literária nasceu em 2006, durante uma edição da Flip em que Marcelino Freire resolveu fazer a própria festa, tendo como inspiração a então muito boêmia Vila Madalena, em São Paulo, onde ele reside há quase três décadas.
Freire mobilizou livreiros, donos de bar, donos de sebo, escritores e escritoras e boêmios em geral e fez uma primeira edição modesta, sempre reunindo autores de todos os gêneros sexuais e literários, nacionais e internacionais.
Já passaram pela Balada, entre outros, Adélia Prado, Antônio Cândido, Áurea Martins, Caetano Veloso, Conceição Evaristo, Emicida, Laerte João Ubaldo Ribeiro, Mia Couto, Ondjaki, Phedra de Córdoba, Rogéria, Ney Matogrosso, Valter Hugo Mãe, Wagner Moura e Tom Zé.
“No ano que vem faremos 20 edições ininterruptas. É muita luta. Este ano houve um bracinho da Balada lá em Garanhuns, Pernambuco. Temos convite para fazer a Balada em Feira de Santana, Crato, São Luís. E te digo em primeira mão: a Balada 2025 começará por minha cidade natal, Sertânia, no Sertão de Pernambuco. Estou gostando de cada vez mais a Balada sair de São Paulo, pegar estrada, mudar de geografia. É o balanço que eu faço. A Balada tem de balançar em outros cantos… se reinventar.”
Balada Literária – São Paulo
Onde: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – São Paulo/SP)
Quando: 6, 7 e 8 de dezembro
Quanto: entrada gratuita