Dalton Trevisan (1925-2024) foi o mestre da forma breve na literatura brasileira. A maior parte de sua produção literária foi dedicada aliás, a editar seus próprios escritos até a forma mais breve possível, as revezes reduzindo um conto até uma única frase.
Em homenagem á essa arte pescamos em entrevistas, críticas, reportagens, declarações, orelhas de livros e postagens em redes sociais um punhado de frases de leitores e admiradores de Dalton que resumiram em um poucas linhas o que pensam do contista falecido em Curitiba aos 99 anos.
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“Dalton não fez livros e contos fragmentariamente, fez um grande e único livro ao longo da vida toda, uma verdadeira ‘Ilíada curitibana’, com toda a extraordinária dimensão humana que existe nessa ligação de épocas e mundos.”
— Luiz Felipe Leprevost, escritor e diretor da Biblioteca Pública do Paraná
“Trevisan situa-se adequadamente na linha nauseada da literatura, aquela linha que não usa a literatura para salvar ou acusar o homem.”
— Carlos Heitor Cony, escritor
“O Dalton revelou a vertente demolidora do humor curitibano através de um corte personalíssimo e um fraseado único para contar histórias. E é um humor engendrado no inferno, uma fantasia dark pulsando com um coração de cartum.”
— Guilherme Weber, ator e diretor
“A impressão foi primeiro de raiva, pois era algo totalmente diferente do que eu identificava como literatura. Li mais de uma vez e fui sentindo a força daquela gramática esburacada que caracteriza o seu estilo, fui aprendendo a reconhecer o estado extremo de oralidade de seus textos, a ser sensível à sua ironia cáustica. Nunca mais parei de ler Dalton.”
— Miguel Sanches Neto, escritor
“Dalton é incontornável.”
— Jamil Snege, escritor
“Nos reconhecemos naquele maldito, feitos da mesma matéria. Temos que nos reconhecer em Dalton Trevisan. Assustadoramente, nos reconhecer.”
— Felipe Hirsch, dramaturgo e diretor
“Observador atento dos pormenores da realidade, talvez sua verdadeira característica seja a de cronista do cotidiano.”
— Otto Maria Carpeaux, escritor e crítico
“Trevisan sempre nos lembra das vidas impiedosas e das ausências de vida que criamos uns para os outros, das mortes duras que permitimos uns aos outros morrer. O crime de silêncio é mais alto do que qualquer barulho que possamos fazer. E também mais musical.”
— Michael Wood, crítico
“O pessoal confunde escritor com carro. Quem tem de ter versatilidade é carro, não escritor. Dalton escreve na dele, por dentro das entrelinhas, fazendo movimentos com a palavra. É demolidora a construção de suas narrativas. Vai comendo pelas beiradas. Eu sempre digo que Dalton escreve na velocidade da sombra. Ele tem seu tempo, seu ritmo. Engana-se quem acha que ele está parado. Nunca vi escritor mais antenado com nosso tempo.”
— Marcelino Freire, escritor
“Pode haver (pão ou pães, afinal, continua sendo questão de opiniões) por aí livros tão relevantes quanto os teus. Claro. Mas não acredito que haja em Pindorama um escritor mais relevante, mais importante, mais sólido, urgente e incrível. Porque a tua verdadeira obra é essa contínua produção. Essa acumulação de temas, ideias, linguagem, repetição, reelaboração, culto, cultura e cultivo. Porque você nunca vai escrever um último livro, já que ainda está escrevendo o primeiro. O único.”
— Caetano Galindo, escritor, professor e dramaturgo
“O autor do verdadeiro João, e da verdadeira Maria.”
— Walmir Assunção, escritor
“Estar em cena, ser visto e ouvido pelo próprio Dalton Trevisan é um privilégio que poucos tiveram e terão. A cada apresentação e para cada público, conhecedor ou não da obra de Dalton, a sensação de ser o portador de um estilo literário me engrandeceu. Muito mais como indivíduo do que como artista. Sua literatura não nasceu teatro, mas reverbera no palco de forma indiscutível!”
— Marino Júnior, ator e diretor
“Dalton é o João Gilberto da literatura.”
— Sérgio Sant’Anna, escritor
“Desde moço, desde os tempos da revista Joaquim, na década de 1940, o socialista Dalton Trevisan viu em sua cidade o irredutível realismo de uma ficção já pronta para ser inventada: seus tipos carnais e dolorosos passeavam invisíveis para a crônica social da cidade, cruzando aquelas ruas e praças, estrelando mil histórias anônimas, entre dramas, farsas e tragédias.”
— Alcides Villaça, crítico literário
“O traço decisivo, que atravessa toda a prosa de Dalton, é o alto teor de negatividade, desumanização e aniquilamento.”
— Augusto Massi, professor e crítico
“O desejo, neste livro, é sinônimo de miséria, sexo sem misericórdia, culpa sem perdão. Contos eróticos, anuncia a capa. Eu diria obscenos. Obscenos seria o termo mais exato para essa seleção de pérolas.”
— Fernanda Torres, atriz e escritora
“Considero-me um guerreiro que matou o próprio cavalo para fugir diante do inimigo, compelido a fazer o caminho de volta a pé.”
— Dalton Trevisan, escritor