Quando Rachel Reis trouxe ao mundo Ensolarada, primeiro single do novo lançamento Divina Casca, ainda no ano passado, já dava para presumir o amadurecimento musical da baiana, mesmo após o antecessor, o ótimo Meu Esquema (2022).
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Lançado no último dia 15, o compilado de 15 faixas marca a assinatura da artista no swing baiano e da MPB, com um bom gosto que sim, era esperado, mas que talvez tenha ultrapassado as expectativas tamanho cuidado com que os elementos foram inseridos. É como se um conta gotas pingasse precisamente frases de metais, notas de guitarra e pinceladas eletrônicas com um ritmo preciso da percussão.
Dentro disso, as referências que ela faz questão de enfatizar: o reggae, a MPB e o electro pop são aliados a participações especiais que passeiam pelo rap (Don L e Rincon Sapiência) e aos ritmos baianos (Psirico e Baiana System).
É claro que um disco com tamanha sutileza tinha que ser composto aos poucos, e isso, para ela, é essencial.
“O processo da construção tanto da identidade quanto da sonoridade é um processo muito tranquilo, muito fluido. Eu me dei o tempo que eu precisava, nada foi corrido, nada foi feito no sentido de pressa de mostrar algo. Foi um processo lento e, inclusive, comecei em 2023 e fui aos pouquinhos, sabia que eu ia fazer um álbum com aquilo, mas aí eu pegava os rascunhos, escrevia, vivia também para daí fazer uma música. Mas as escolhas dos ritmos foi tudo fluindo naturalmente, eu nunca direcionei pra nada específico, mas sempre mesclado ali porque era o jeito, não tem pra onde correr.” Disse ao portal Mais Discos que Amigos.
Na faixa Jorge Ben, ela fala de amor ao mesmo tempo que reverencia o mágico Jorge Ben, não só no nome na música como, especialmente, nas referências sonoras. É como se a música tivesse sido tirada diretamente de algum álbum do cantor. Um samba de melhor categoria com cuíca e demais instrumentos que uma boa canção do estilo precisa.
Já na potente Furacão, flautas, metais, um lindo arranjo de cordas e piano ela diz: “Eu sou furacão e vou aniquilar você”. Aliás, um ponto essencial do trabalho da baiana são as letras. Nada, absolutamente nada, óbvias.
Sal da Pele resgata um pouco dos trabalhos anteriores de Rachel. Certamente uma das canções mais swingadas e leves de Divina Casca.
Um ótimo destaque também fica por conta de Sexy Iemanjá, versão para a clássica canção de Pepeu Gomes e que com a cantora ganhou uma roupagem que passeia pelo reggae e MPB. Divina!
Todo esse processo de construção do disco contou com a produção de Iuri Rio Branco, (Marina Sena e Liniker), RDD e Chibatinha, da banda ÀTTOOXXÁ, Mariana Volker (Gilsons) e dos músicos BARRO e Guilherme Assis. Ou seja, um time de primeira que magicamente entrou em conexão com Rachel na produção do álbum. Parece que realmente tudo fez sentido.
Em resumo, Divina Casca chegou para mostrar o quão Rachel Reis é essencial para a nova geração da música brasileira. E dali, parece que ainda tem muito mais por vir.