Com informações do Jornal da USP
O artista Bu’u Kennedy – líder espiritual do povo Tukano, da região noroeste da Amazônia – e a líder comunitária Tamikuã Txihi, da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo, são dois dos convidados do 4º Seminário Internacional Arte e Natureza. O evento começa nesta sexta-feira (25) e segue até 30 de abril na Cidade Universitária, em São Paulo.
Bu’u Kennedy Ye’pá Mahsã é criador de uma performance ritual descrita como liturgia de cura baseada no uso da ayahuasca – bebida sagrada de efeito psicoativo que, segundo os participantes, provoca “expansão da consciência”. Essa obra já foi apresentada no Festival de Curitiba de 2024.
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Nesta sexta-feira (25), Bu’u apresenta uma nova performance ritual. No sábado (26), ele e Tamikuã Txihi participam da mesa-redonda “Identidades Indígenas”, mediada pela curadora Ana Carolina Ralston.
Arte, ciência e ativismo
Coordenado pelo professor Hugo Fortes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o seminário propõe reflexões sobre a relação entre arte e meio ambiente. A programação inclui palestras, mesas-redondas, performances, mostra de vídeos e a abertura da exposição Húmus, marcada para esta sexta-feira, às 17h20, no Espaço das Artes da USP.
Serão seis dias de atividades com a presença de 30 palestrantes e mais de 80 artistas. Os participantes vêm de nove países: Alemanha, Portugal, Marrocos, Itália, Estados Unidos, Argentina, entre outros.
“O seminário vai ter uma grande diversidade de abordagens sobre o tema arte e natureza”, afirma Hugo Fortes. “Vamos contar com ativistas ambientais e pesquisadores que pensam a relação entre tecnologia e natureza, com enfoques que variam entre o teórico e o artístico.” Para Fortes, o cruzamento entre arte, ciência e política é essencial. “Falar de natureza hoje é um ato político. Nosso objetivo é criar um espaço de reflexão crítica e sensível”, explica.
Ele lembra que, em 2011, quando o seminário aconteceu pela primeira vez, o debate ambiental ainda não ocupava tanto espaço na arte contemporânea como ocorre atualmente. “Hoje o engajamento é mais visível e diverso. A relação entre arte e natureza está presente tanto nos saberes originários quanto na tradição ocidental – da filosofia grega à natureza-morta e às obras inspiradas em botânica e biologia.”
A exposição Húmus
A mostra Húmus será o eixo das ações do seminário. Fica em cartaz até 16 de maio no Espaço das Artes e reúne artistas consagrados e alunos do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP. A exposição tem curadoria assinada por Ana Carolina Ralston, Hugo Fortes e Sandra Rey.
Ralston destaca a inspiração no pensamento da filósofa e zoóloga Donna Haraway. “Ela diz que não somos homo, mas húmus. Estamos ligados à decomposição e aos microrganismos. Somos parte de um ciclo.”
Segundo a curadora, a arte é um modo sensível de ocupar o espaço político. “Ela consegue acessar lugares que a crítica direta às vezes não alcança. A arte provoca reflexão sem necessariamente agredir.”
4º Seminário Internacional Arte e Natureza
Onde: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) e Espaço das Artes (EdA) da USP – Cidade Universitária – São Paulo
Quando: 25 a 30 de abril
Quanto: Entrada gratuita (inscrições para as palestras devem ser feitas pelo site do evento)