Rio de Janeiro – Entre a ótima ideia para o formato de um concerto em parceria e a primeira apresentação conjunta do cantor e compositor Kevin Johansen com o artista gráfico Liniers no Brasil, já se passaram 15 anos.

Desde então, o mundo no qual eles deram algumas voltas cantando histórias e desenhando canções já mudou bastante, mas, nesse tempo, a dupla testou e afinou um show que une o melhor de vários universos.

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Quem foi ao Teatro Claro Mais, em Copacabana (RJ), terá a mesma sorte de quem for hoje (8) no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, e na sexta (9), no Teatro Bradesco, em São Paulo: vai ver um show de música da melhor qualidade e humor gráfico de várias matizes, tudo apoiado sobre uma base de improviso e elegância.

Canções, desenhos e improviso no palco do Teatro Claro Mais.

Amigos de longa data, o desenhista que nasceu na Argentina e vive nos Estados Unidos e o músico que nasceu no Alasca, mas vive em Buenos Aires, conversam entre si e com a plateia enquanto Kevin canta seus melhores temas e Liniers vai desenhando – com pincel, caneta ou giz – sobre vídeos e imagens criando interações e interferências nas canções.

Um happening de quase duas horas, em que o humor sutil e cáustico de Liniers contrasta com seu traço doce. Como doces também são boa parte das canções de Kevin – mesmo as que falam de perda e desamor são ternas, delicadas, não violentas.

Kevin, com seu texto direto, de poucas palavras, tem algumas das letras mais bonitas do século 21, e algumas das mais engraçadas, irônicas e divertidas também. Liniers, o mundo sabe há muito tempo, é mestre da sacada, do detalhe, do olhar surpreendente.

Troca de papéis; Kevin na prancheta e Liniers no ukelele.

O encontro no palco dá samba, pois, como Liniers havia avisado antes de chegar, o show, no fundo, é uma festa na cozinha de uma casa boêmia em que dois amigos “gente boa”, na faixa dos 60 anos, recebem o público oferecendo suas melhores receitas.

A certa altura, os dois trocam de lugar: Kevin vai para a prancheta e Liniers toca um ukelele de dois braços – “instrumento do prog rock havaiano” – e um brinca com o ofício do outro.

Convidados especiais

No show do Rio, foram recebidos convidados não anunciados: Paulinho Moska, o mais recorrente parceiro brasileiro de Kevin, subiu ao palco para três canções, como também fizeram Kassin e o percussionista Marcelo Costa. Kassin produziu o último trabalho de Kevin, que inclui uma gravação de Amada Amante num arranjo que respeita a vocação brega da grande canção de amor de Roberto Carlos.

Durante o show, Liniers transforma seus desenhos em aviõezinhos de papel que joga para a plateia, e cabe a ele também comandar o número final, apoteótico, que inclui a tomada do palco pelo público para o baile final, ao som de três “temazos” de Kevin: Guacamole, Cumbiera Intelectual e Fin de Fiesta.

O produtor Kassin e o percussionista Marcelo Costa no palco com Kevin e Liniers.

Tudo bom demais e nada a lamentar, pois como diz a canção, “se a vida é mesmo uma orgia lenta, o melhor ainda está por vir.” Mas que não demore outros quinze anos.

KEVIN JOHANSEN + LINIERS – Turnê brasileira 2025

08/maio – Auditório Araújo Vianna (Porto Alegre)

Onde comprar: Sympla

09/maio – Teatro Bradesco (São Paulo)

Onde comprar: Uhuu 

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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