A segunda edição do festival The Town, irmão do Rock in Rio e que acontece no Autódromo de Interlagos, em setembro, iniciou as vendas no último dia 27 de maio. Entretanto, ao contrário do que aconteceu em 2023, primeiro ano do evento na capital paulista, a baixa aquisição de ingressos vem chamando a atenção. Mas por que?
+LEIA TAMBÉM+ Como funciona uma orquestra: por dentro da OSP, que completa 40 anos
Produzido e curado pelo pai do Rock in Rio, Roberto Medina, a versão paulistana tem caído na mesma fórmula do irmão carioca com relação à montagem do line-up. Uma fórmula, aliás, bem batida ao separar gêneros musicais por dia, o que seria ótimo se as atrações fizessem total sentido. Mesmo que algumas delas aparentemente “colem” umas com as outras, no final, a escolha dos nomes dá a sensação de uma imensa farofa. É Mariah Carey com Jessie J e Lionel Richie… é Travis Scott com Ms Lauryn Hill e Matuê.. e por aí vai. E essa é uma fórmula já tão habitual no mundo Medina que soa até como uma certa teimosia. Eles querem assim e pronto, já que vinha dando certo até então.
Mas o mundo mudou. Hoje, os festivais já buscam novos formatos e, inclusive, misturam diversos ritmos em um mesmo dia e até no mesmo palco. O Rock the Mountain, por exemplo, colocou em seu line-up deste ano Jorja Smith e João Gomes. E sim, dá certo. Então o problema seria o tamanho do evento? Talvez. Ter mais culhão e arriscar em outros nomes? Mais ainda! Mudar a essência do festival? Pode ser!
Eu insisto em dizer que tanto o The Town quanto o Rock in Rio vem apostando em atrações nacionais extremamente batidas, como Capital Inicial e Ivete Sangalo (absolutamente nada contra esses artistas), mas eles fazem parte não só de um, mas dos dois eventos. Fica cansativo. E isso vale para algumas atrações internacionais também. Bruce Dickinson quando não vem com o Iron Maiden desembarca com carreira solo. Não fica atrativo.
Valores
Sim, sabemos que o pós pandemia foi uma loucura. Todo mundo querendo aproveitar todos os shows possíveis. Mas agora, três anos depois, o dinheiro para a diversão ficou escasso e já não dá conta de ingressos absurdos, afinal, anda difícil ter R$ 975,00 sobrando para desembolsar em um ingresso, sobretudo quem não tem o benefício da meia-entrada. Levando em consideração o tamanho do evento, o preço até chega a ser justo, mas o mercado anda competitivo e o público prefere escolher seus shows e festivais preferidos.
Precisava de uma versão do Rock in Rio em São Paulo?
Definitivamente não. A distância de uma cidade para outra é de pouco mais de 400km. De ônibus ou carro se gasta entre 6h e 7h. De avião, uma ponte aérea de quase 1h. Ou seja, quem sai de outros estados, tanto para o The Town quanto para o Rock in Rio não vê tanta diferença de gastos entre as duas cidades. São dois eventos praticamente iguais em anos distintos, mas nem tanto assim. Dava para atribuir novidades em apenas um deles, não?
De qualquer forma, acredito que tanto um festival quanto o outro são eventos importantes e esperados no calendário nacional, além de fazerem parte da história de muita gente. O Rock in Rio por exemplo, é um grande case de sucesso, mas precisa de uma reformulação para não ficar para trás.