As mulheres Huni Kuin unem saberes ancestrais e práticas contemporâneas em uma ação inédita no Acre. Entre os dias 23 e 31 de maio, o projeto Casa de Cultura Artes e Saberes Ancestrais reúne 44 mestras-artesãs indígenas na aldeia Novo Natal, no Alto Rio Jordão.

+ Leia Também + Octavio Camargo puxa os fios da teia invisível 

A iniciativa é realizada pelo Instituto Ainbu Dayá e pelo coletivo CASA, com patrocínio do Grupo Energisa via Lei Rouanet. A proposta é fortalecer a cultura tradicional, a autonomia e o protagonismo das mulheres indígenas, com oficinas de modelagem, pintura, corte e costura, grafismo e empreendedorismo.

Ao todo, cerca de 150 mulheres participam do projeto. A metodologia respeita o ensino circular: mestras e aprendizes compartilham saberes de forma colaborativa, fortalecendo vínculos intergeracionais e comunitários.

“As futuras gerações vão escolher as funções que querem aprender e trabalhar. Esse projeto é para elas”, afirma Rita Huni Kuin, fundadora do Instituto Ainbu Dayá. Segundo ela, trata-se da primeira associação coletiva formada por mulheres indígenas da região.

Formação, audiovisual e memória

A metodologia das atividades respeita o ensino circular, em que mestras e aprendizes compartilham saberes. Foto: Jakob Stolz

Durante as oficinas, três mulheres serão formadas em registro audiovisual. Elas mesmas vão documentar as atividades, registrando as experiências sob a perspectiva da própria comunidade.

Para a coordenadora de investimento social do Grupo Energisa, Delânia Cavalcante, o projeto contribui para a inclusão e para o fortalecimento da cultura tradicional. “É uma ação que une expressão ancestral e inovação, gerando novas possibilidades de criação e renda.”

As atividades começam cedo: as participantes descaroçam, limpam e fiam manualmente o algodão nativo. Também coletam palhas para a confecção dos txitxã, cestos tradicionais usados para armazenar o algodão. À noite, seguem rodas de cantos, histórias e partilhas, num espaço coletivo de memória e fortalecimento cultural.

Investimento direto e futuro sustentável

As 44 mestras-artesãs estão sendo formalmente cadastradas e recebem bolsas de incentivo. A proposta não é de formação básica, mas de ampliação de ferramentas para quem já produz e sustenta suas famílias com a arte.

Entre as mestras presentes está a cacique Ozelia Sales Kaxinawá, de 63 anos, referência nos saberes tradicionais da aldeia Novo Natal.

A segunda etapa do projeto prevê uma exposição e um desfile com as peças criadas. “É uma forma de ampliar a visibilidade e os canais de comercialização”, explica o coletivo CASA. A ideia é que, com o tempo, o projeto torne-se autossustentável.

Sobre o Instituto Ainbu Dayá
O Instituto Ainbu Dayá nasce do sonho coletivo das mulheres Huni Kuin do Rio Jordão. Seu propósito é fortalecer a cultura, garantir direitos e promover renda. Com raízes na terra e no saber ancestral, o Instituto atua como elo entre tradição e inovação, valorizando arte, memória e modos de vida.

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Compartilhar.

Patrocínio

Realização

Fringe é uma plataforma de comunicação e entretenimento sobre arte e cultura brasileiras criada dentro do Festival de Curitiba e conta com o patrocínio da Petrobras

wpDiscuz
0
0
Deixe seu comentáriox
Sair da versão mobile