Com informações do Portal Cultura do AM
A cidade Parintins, no Amazonas, ferve na contagem regressiva para o 58º Festival Folclórico. A poucos dias do confronto, os bois Garantido e Caprichoso encerraram os ensaios técnicos e acirraram a rivalidade para o grande duelo da Amazônia que acontece neste fim de semana: As três noites do festival ocorrerão entre os dias 27 e 29 de junho. O Garantido abre o festival na sexta-feira e fecha as duas noites seguintes. Já o Caprichoso encerra a primeira noite e abre as noites seguintes.
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No último fim de semana, as agremiações encerraram seus últimos ensaios técnicos e confirmaram que a disputa deste ano será decidida no detalhe — no canto, na coreografia, na emoção e na força de suas torcidas apaixonadas. Em 2024, o duelo entre os bois de Parintins foi o espetáculo de abertura do Festival de Curitiba.
O Boi Garantido foi o último a ocupar a arena do Bumbódromo no domingo (22). Com as arquibancadas tomadas pela gente encarnada, o boi da Baixa do São José apresentou uma prévia do espetáculo que levará à arena. Ao som de toadas do novo álbum Boi do Povo, Boi do Povão e de clássicos consagrados, o ensaio empolgou torcedores e reafirmou a vocação do bumbá vermelho de falar de sua própria história.
Presidente do boi vermelho, Fred Góes destacou a força do ensaio como parte fundamental da preparação. “Ensaiamos para alcançar essa explosão de alegria e emoção. Agora é hora de fazer o boi brilhar e mostrar que veio para ser campeão”, disse.
Além da estreia de Jevenny Mendonça como porta-estandarte e o retorno da rainha Lívia Christina, a apresentação contou com todos os itens oficiais. O amo do boi, João Paulo Faria, homenageará o eterno apresentador Paulinho Faria. “Ele vai estar presente nos meus versos. É uma forma de retribuir tudo o que ele nos ensinou.”
Já o Boi Caprichoso fez seu último ensaio técnico na sexta-feira (20), no Curral Zeca Xibelão, com a Nação Azul e Branca vibrando ao som das toadas de É Tempo de Retomada, tema com o qual o boi busca o tetracampeonato. O presidente Rossy Amoedo ressaltou que o momento foi decisivo para testar o repertório e a movimentação dos itens. “Hoje nos despedimos do Curral. Agora é foco total nos ensaios no Bumbódromo.”

Para o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome, os ensaios cumprem papel técnico e emocional. “É aqui que a gente sente a vibração da galera e ajusta os detalhes. Nenhum espetáculo do planeta faz o que nós fazemos”, afirmou.

Quatro pontos para entender o Festival de Parintins
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Origem nordestina, alma amazônica
O boi-bumbá chegou à Ilha de Parintins no início do século 20 com migrantes nordestinos. Inspirado no bumba-meu-boi maranhense, o folguedo incorporou lendas e rituais indígenas, criando uma versão única amazônica. -
O nascimento do festival
Criado em 1965 por jovens da Juventude Alegre Católica, o festival começou com apresentações de quadrilhas e só passou a contar com os bois a partir de 1966. Desde 1988, o evento acontece no Bumbódromo, com capacidade para 25 mil pessoas. -
Rivalidade que divide a ilha
A disputa entre os bois Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul) divide Parintins. A rivalidade é tamanha que até a Coca-Cola muda de cor na ilha. Apesar do antagonismo histórico, hoje prevalece a celebração pacífica. -
Uma lenda no centro do espetáculo
As apresentações giram em torno da lenda de Pai Francisco e Mãe Catirina, que envolve a morte e ressurreição de um boi. A história serve de base para o enredo encenado por cada boi a cada ano, com novos elementos e interpretações.
Troféu Sincretismo Cultural é novidade de 2025

Além do tradicional título de campeão do Festival, o vencedor deste ano também levará para casa o troféu Sincretismo Cultural, lançado no sábado (21). A peça foi criada pelo artista parintinense Lucijones Cursino, do CriArt’s Atelier, em parceria com Silvio Pinto Júnior.
Com design que remete ao Bumbódromo e às cabeças dos bois Garantido e Caprichoso, o troféu é confeccionado com materiais recicláveis, como o PVC, e traz placas com os anos de conquista de cada boi desde 1966.
“O que quisemos transmitir foi essa união de culturas. A fusão de crenças, raças e ideologias”, afirmou Lucijones. A peça estará em exposição na Praça da Catedral a partir do dia 23. A expectativa é de casa cheia nas três noites. Em 2024, o festival movimentou cerca de R$ 150 milhões.