O premiado “O Silêncio das Ostras” chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira, 26 de junho. O filme é a estreia na ficção do premiado diretor Marcos Pimentel, e traz no elenco nomes como Bárbara Colen e Lavínia Castelari, além de imagens reais das tragédias causadas por barragens em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais.

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A produção teve destaque em festivais no Brasil e no exterior. No Festival do Rio, foi um dos filmes mais aclamados da 26ª edição. Ganhou prêmios de Melhor Direção e Melhor Fotografia no New York City Independent Film Festival, além de Melhor Longa de Ficção no Los Angeles Art Film Festival. O filme também integra a seleção oficial do FICA 2025 – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental.

Uma denúncia urgente

“O Silêncio das Ostras” é ambientado entre os anos 1980 e o presente. O longa acompanha a personagem Kaylane, a caçula de uma família operária, em diferentes fases da vida. Ela cresce em meio ao colapso ambiental e social provocado pela mineração em Minas Gerais. A história reflete as perdas sucessivas enfrentadas por famílias que vivem da extração mineral.

A atriz Sinara Telles interpreta Cleude, mãe de Kaylane. A personagem é marcada por frustrações e luto, após ver o marido incapacitado pelas condições de trabalho e os filhos destinados ao mesmo destino.

Segundo o diretor Marcos Pimentel, o filme propõe “reocupar lugares devastados, onde a mineração extraiu não apenas o solo, mas também a crença e a alma”. Para ele, a ficção atua como testemunha e resistência diante de uma tragédia ainda viva na memória dos brasileiros.

Memória das tragédias

Fotos: Olhar Filmes

Mais do que ficção, o filme incorpora imagens documentais dos desastres ambientais que chocaram o país. Em 2015, o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, liberou mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos. Quatro anos depois, a barragem da Vale em Brumadinho deixou 270 mortos e contaminou um território equivalente a 378 campos de futebol.

“Neste ano, completamos 10 anos da tragédia em Mariana e seis da tragédia em Brumadinho”, diz o diretor. “’O Silêncio das Ostras’ transforma a dor em cinema e alerta para o silêncio cúmplice diante de crimes que ainda cobram justiça.”

Um olhar feminino 

Fotos: Olhar Filmes

Kaylane cresce em um cenário de destruição, mas desenvolve uma relação sensível com a natureza. Ao contrário do ritmo acelerado da mineração, a personagem vive o tempo da curiosidade, da observação e da resistência silenciosa. Sua trajetória é marcada pelo desejo de permanência e pela dor de sucessivas despedidas.

O longa reflete não apenas os impactos ambientais, mas também o êxodo humano e afetivo provocado pela ganância empresarial. Isolada, a protagonista é símbolo de uma geração sem herança e sem horizonte, que luta por manter viva a memória do que foi arrancado.

Lançamento nacional

Distribuído pela Olhar Filmes, “O Silêncio das Ostras” terá sessões nas principais capitais brasileiras. As exibições estão confirmadas em Curitiba, Porto Alegre, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Manaus, Belo Horizonte, Recife e Belém.

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