Começa nesta sexta-feira (27) o 58º Festival Folclórico de Parintins. A cidade já vive o clima acirrado da tradicional rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso. O evento segue até o dia 29 de junho no icônico Bumbódromo e deve reunir milhares de visitantes de todas as regiões do país e do exterior.

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O Boi Garantido abre a primeira noite e encerra as duas seguintes. Já o Caprichoso fecha a sexta-feira e inicia as noites seguintes de espetáculo.

As ruas do município foram tomadas pelas cores azul e vermelha. Moradores e turistas circulam entre feiras, lojas temáticas e pontos turísticos que refletem a identidade cultural da Ilha Tupinambarana.

A estrutura da cidade foi reforçada para receber o público. O policiamento foi ampliado, houve aumento na oferta de voos e embarcações, além da ampliação na rede de saúde e serviços.

Nos galpões, os trabalhos seguem intensos. Garantido e Caprichoso finalizam os ajustes nas alegorias e realizam ensaios técnicos. Suas torcidas também se preparam com festas e apresentações nas sedes.

A expectativa é que o festival deste ano traga mais tecnologia, emoção e ancestralidade. Reconhecido como patrimônio cultural, o Festival de Parintins é um dos maiores eventos culturais do país.

História do Boi Garantido

Em 1913, Lindolfo Monteverde fez uma promessa a São João Batista para curar uma doença. Como pagamento, criaria um boi que sairia anualmente em junho. Nascia o Boi Garantido, também conhecido como o Boi da Promessa.

O nome surgiu da resistência do boi branco e vermelho nas antigas disputas de rua, onde raramente saía danificado. “Meu boi é garantido”, dizia Monteverde.

Em 1988, ano da inauguração do Bumbódromo, o Garantido venceu o festival com destaque para a toada Mãe Catirina. A apresentação foi tão intensa que engenheiros evacuaram a arena, temendo abalos estruturais.

O boi alcançou seu auge entre 1980 e 1984, ao conquistar o único pentacampeonato da história do festival.

História do Boi Caprichoso

Também fundado em 1913, o Boi Caprichoso surgiu por iniciativa dos irmãos Cid, migrantes do Ceará. O nome foi sugerido por Furtado Belém: “Se aquele boi é garantido, o nosso é caprichado”.

Mesmo antes do festival oficial, a rivalidade já existia. Em 1969, o Caprichoso venceu seu primeiro título. Na década de 1970, conquistou os festivais de 1972, 1974 e um tricampeonato entre 1976 e 1979.

Mais de um século depois, o Caprichoso continua sendo símbolo da criatividade amazônica e da migração nordestina que ajudou a formar Parintins.

Emoção da galera vale ponto

Integrantes dos bois Caprichoso e Garantido durante a abertura do Festival de Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

A vibração do público com seu boi é um dos 21 itens avaliados pelos jurados. A torcida, chamada de “galera”, tem papel decisivo na nota final. Com cantos, bandeiras e coreografias sincronizadas, ela transforma o Bumbódromo em um caldeirão de emoções.

As arquibancadas se dividem: azul para o Caprichoso, vermelho para o Garantido. A galera ensaia o ano inteiro e prepara surpresas para as noites do festival.

Nonato Cid, torcedor do Caprichoso e bisneto de um dos fundadores do boi azul, compartilha sua expectativa:

“Estamos aqui na expectativa do tetracampeonato. O Caprichoso está bem arrumado, pronto para entrar na arena. O coração está a mil.”

Do lado vermelho, a torcedora Eliane Pereira sonha com a vitória do boi Garantido:

“Minha expectativa é que o Garantido se supere neste ano. Quero comemorar meu aniversário com a vitória do meu boi do coração.”

Quatro pontos para entender o Festival de Parintins

  • Origem nordestina, alma amazônica
    O boi-bumbá chegou com migrantes e incorporou lendas e rituais indígenas, criando uma forma única de expressão cultural.
  • O nascimento do festival
    Criado em 1965 por jovens católicos, o festival incluiu os bois em 1966. Desde 1988, ocorre no Bumbódromo, com capacidade para 25 mil pessoas.
  • Rivalidade que divide a ilha
    Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul) dividem Parintins. Até marcas famosas se adaptam à rivalidade, como a Coca-Cola, que muda de cor na ilha.
  • A lenda por trás do espetáculo
    Pai Francisco e Mãe Catirina são personagens centrais da história encenada pelos bois, envolvendo a morte e ressurreição do boi.

Troféu Sincretismo Cultural é novidade de 2025

Troféu Sincretismo Cultural (Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa)

Além do título, o campeão deste ano receberá o novo Troféu Sincretismo Cultural, lançado no dia 21 de junho. A peça foi criada pelo artista Lucijones Cursino em parceria com Silvio Pinto Júnior, e será exibida na Praça da Catedral.

Com design que remete ao Bumbódromo e aos bois, o troféu foi confeccionado em PVC reciclado e traz as datas de conquistas dos bois desde 1966. A criação simboliza a união de culturas e tradições da Amazônia.

Em 2024, o festival movimentou cerca de R$ 150 milhões e teve casa cheia nas três noites. A expectativa para 2025 é ainda maior.

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