Zé Ramalho volta a Curitiba com o espetáculo “Show dos Sucessos”, em duas noites no Teatro Positivo, dias 26 e 27 de setembro. No repertório, clássicos absolutos como “Chão de Giz”, “Frevo Mulher” e “Avôhai” para embalar qualquer  o público.

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Mas além das canções marcantes, a trajetória do artista paraibano guarda momentos que explicam por que ele é uma figura única na música brasileira. A seguir, oito histórias essenciais sobre o ídolo.

  1. Afogamento
Zé ramalho e seu Avohai no Brejo da Cruz nos anos 1950. Foto: site oficial Zé Ramalho

Zé Ramalho nasceu no Brejo do Cruz, no Sertão paraibano. Aos três anos, perdeu o pai, afogado em um açude no município de Teixeira. Criado pelo avô, ganhou dele o nome “Avôhai”, eternizado em sua canção mais emblemática. A ausência paterna, somada à força da figura do avô, influenciou profundamente sua obra. O drama pessoal da infância virou poesia e música, ajudando a moldar a estética lírica do artista nordestino.

  1. Alagamento

Em 1975, Zé Ramalho e Lula Côrtes lançaram o disco psicodélico Paêbiru, inspirado na figura mítica indígena Sumé. Com apenas 1.300 cópias, o álbum teve sua tiragem quase toda destruída por uma enchente no depósito da gravadora Rozenblit.

Restaram poucos exemplares, que viraram objetos cult. Hoje, o LP original vale milhares de reais. Redescoberto em 2019, Paêbiru voltou ao mercado em vinil e ganhou novo reconhecimento.

  1. Zé das versões
Foto: site oficial Zé Ramalho

Zé Ramalho é conhecido por suas versões de clássicos internacionais. Releu Bob Dylan em português, transformando “Hurricane” e “Knockin’ on Heaven’s Door” em sucessos locais.

Também adaptou o country “Amarillo by Morning” com letra de Aldir Blanc vertida em “Entre a serpente e a estrela”. Suas recriações não são cópias — são reinvenções com assinatura autoral.

  1. Tema de filme

A canção “Bicho de Sete Cabeças II”, composta com Geraldo Azevedo, virou tema do filme homônimo de Laís Bodanzky. Escrita originalmente como instrumental, ganhou letra de Renato Rocha para um disco de Elba Ramalho.

Décadas depois, foi regravada por Zeca Baleiro para o longa com Rodrigo Santoro. A música se tornou símbolo da luta contra os abusos psiquiátricos e reforçou o poder do cancioneiro de Zé no cinema brasileiro.

  1. Benção de Dylan
Foto: site oficial Zé Ramalho

Zé Ramalho sempre declarou seu amor por Bob Dylan. Em Tá Tudo Mudando, dedicou um disco inteiro a versões em português do ídolo. As letras, traduzidas com parceiros como Babal e Caetano Veloso, mantêm a essência dos originais.

Dylan ouviu, gostou, e autorizou a gravação mas não cedeu na divisão dos direitos autorais. Mesmo assim, Zé se disse honrado. Em retribuição, compôs a canção “Para Dylan”, um tributo musical ao ídolo.

  1. Garoto de aluguel
Zé Ramalho no Rio de Janeiro nos anos 1970. Foto: site oficial Zé Ramalho

Ao chegar ao Rio em 1976, Zé Ramalho enfrentou o desamparo da metrópole. Sem dinheiro, teto ou amigos, dormiu nas ruas. Para sobreviver, foi garoto de programa por dois meses. Encontrava clientes nas portas dos teatros.

A experiência, dolorosa e solitária, virou música anos depois. O cantor descreveu a sensação de se sentir descartável, vendido, dependente. Esse capítulo duro da vida virou arte — e superação.

  1. Os quatro loucos
Com ‘Os Quatro Loucos’ ao lado do rei Roberto carlos em João Pessoa. Foto: site oficial Zé Ramalho

Adolescente, Zé Ramalho integrou grupos influenciados pela Jovem Guarda, Beatles e Rolling Stones. Com “Os Quatro Loucos”, chegou a tocar com Roberto Carlos no Teatro Santa Roza, na Paraíba.

Da fusão entre rock, cultura nordestina e poesia nasceu sua assinatura musical. As referências psicodélicas e o cordel formaram o alicerce de uma obra singular, que rompeu barreiras entre gêneros e gerações.

  1. Zé e Roberta
Com a esposa e parceira Roberta nos anos 1990. Foto: site oficial Zé Ramalho

Zé Ramalho conheceu Roberta após um show em Fortaleza, em 1980. Ela tinha 15 anos e guardou o autógrafo como relíquia. Reencontraram-se quatro anos depois, no Rio de Janeiro, e iniciaram uma vida juntos.

Casaram-se, tiveram dois filhos e seguem unidos até hoje. Roberta, advogada formada pela PUC-Rio, tornou-se sócia da Avôhai Music. É ela quem cuida da carreira e da obra de Zé com rigor e afeto.

Show dos Sucessos, de Zé Ramalho
Quando: 26 e 27 de setembro de 2025 (sexta e sábado)
Onde: Teatro Positivo – Grande Auditório (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300). Início às 21h15
Quanto: Ingressos a partir de R$ 130 (meia-entrada) + R$ 19,50 de taxa administrativa. Ingresso social com 40% de desconto mediante doação de 1kg de alimento

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