De 14 a 24 de agosto, o Teatro José Maria Santos recebe a edição 2025 do Festival Homero Curitiba, reunindo oito espetáculos da Cia Iliadahomero de Teatro — única no Brasil especializada na encenação integral da Ilíada e da Odisseia, sem cortes ou adaptações.
Fundada em 1999 sob direção de Octavio Camargo, a companhia mantém, há mais de 25 anos, um projeto continuado de declamação performática dos poemas de Homero, usando como base a tradução de Manoel Odorico Mendes, a primeira versão completa para o português.
A proposta é mais que teatral: trata-se de uma política de preservação e experimentação da oralidade clássica, evocando um modelo performático similar ao praticado em Atenas no século VI a.C., durante o Festival das Panateneias.
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Ao todo, serão quatro apresentações por semana, de quinta a sábado às 20h, e aos domingos às 19h. Cada espetáculo se dedica à interpretação integral de um canto homérico, encenado por um(a) único(a) intérprete em palco nu, com luz de Beto Bruel, cenografia minimalista de Fernando Marés e música ao vivo em algumas sessões.
A primeira semana apresenta os cantos 12 e 1 da Ilíada e os cantos 5 e 16 da Odisseia, com artistas convidados de diferentes cidades. A segunda semana traz os cantos 13 e 16 da Odisseia, e os cantos 3 e 18 da Ilíada. Entre os intérpretes estão nomes como Letícia Guimarães, Raquel Rizzo, Lourinelson Vladmir e Richard Rebelo.

O destaque da programação é a diversidade dos corpos e vozes em cena — incluindo uma rara adaptação do Canto 1 da Ilíada em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), encenada por Jonatas Medeiros com narração de Fernando Marés. A performance resulta de uma década de pesquisa com a comunidade surda.
Cada intérprete atua como aedo moderno, recitando com musicalidade e precisão o texto poético. O público acompanha, em tempo real, o desenrolar das batalhas, diálogos e reflexões de uma civilização que moldou as bases da literatura, da ética e da política ocidental.
Além das apresentações, o festival também abre espaço para debates sobre tradução, oralidade e dramaturgia homérica, reforçando sua vocação multidisciplinar. Os ingressos já estão disponíveis via Disk Ingressos, com valores de R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).
Saiba quais são os textos e os atores de cada apresentação:
14/08 (quinta, 20h) – Maureen Miranda, Ilíada, Canto 12
O Canto 12 narra o ataque dos troianos ao muro grego. Maureen Miranda declama com força e simbolismo o episódio que contrapõe presságios divinos e arrogância humana, marcando a estreia do festival com impacto cênico e reflexivo.
15/08 (sexta, 20h) – Raquel Rizzo, Odisseia, Canto 16
No reencontro entre Ulisses e Telêmaco, Raquel Rizzo conduz com emoção e contenção o retorno do herói à Ítaca, ressaltando o afeto, a estratégia e a reconstrução dos laços familiares.
16/08 (sábado, 20h) – Fernando Marés, Odisseia, Canto 5
Ulisses parte da ilha de Calipso rumo a Ítaca. Fernando Marés interpreta com intensidade a jornada solitária do herói no mar, enfrentando tempestades e reafirmando sua determinação épica.
17/08 (domingo, 19h) – Jonatas Medeiros, Ilíada em LIBRAS, Canto 1
Aquiles se retira da guerra, dando início à sua ira. Com direção de Rafaela Hoebel, o canto é apresentado por Jonatas Medeiros em LIBRAS, revelando a força visual da poesia épica gestual.
21/08 (quinta, 20h) – Pedro Inoue, Odisseia, Canto 13
Ulisses retorna a Ítaca, mas não a reconhece. Pedro Inoue imprime sensibilidade à chegada silenciosa do herói, destacando o disfarce, a cautela e o início do desfecho da saga.
22/08 (sexta, 20h) – Letícia Guimarães, Ilíada, Canto 18
Após a morte de Patroclo, Aquiles volta à guerra. Letícia Guimarães interpreta com vigor o luto do herói e a criação de suas novas armas, incluindo o mítico escudo forjado por Vulcano.
23/08 (sábado, 20h) – Lourinelson Vladmir, Ilíada, Canto 3
Páris e Menelau duelam por Helena. Lourinelson Vladmir revive esse momento decisivo com lirismo, destacando a interferência divina e o poder dos deuses sobre os destinos humanos.
24/08 (domingo, 19h) – Richard Rebelo, Ilíada, Canto 16
Patroclo entra em combate com as armas de Aquiles. Richard Rebelo dá vida à tragédia do jovem guerreiro cuja morte desperta a fúria irreversível de Aquiles e muda o rumo da guerra.
Festival Homero Curitiba 2025
Onde: Teatro José Maria Santos – Rua Treze de Maio, 655 – São Francisco
Quando: 14 a 24 de agosto – qui, sex e sáb às 20h | dom às 19h
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) no Disk Ingressos