O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, o escritor manauara Milton Hatoum, estará em Curitiba como um dos grandes destaques do III Festival da Palavra, que acontece de 10 a 14 de setembro. A programação da edição foi anunciada nesta quinta-feira (14/8), no mesmo dia em que Hatoum foi eleito para a ABL (leia mais abaixo).
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Eleito quase por unanimidade para ocupar a cadeira nº 6, Hatoum traz à capital paranaense o peso de uma obra consagrada e reconhecida no Brasil e no exterior. Já foi publicado em 17 países e soma mais de 500 mil exemplares vendidos.
O Festival da Palavra reunirá cerca de 200 escritores e artistas de todo o país e da própria cidade, em uma programação que ocupa 26 espaços culturais, com 125 atividades entre oficinas, rodas de conversa, palestras, espetáculos, mostras de cinema e sessões de autógrafos.
Em Curitiba, o imortal sobe ao palco do Memorial de Curitiba no dia 12 de setembro, às 20h30, para participar de uma mesa de bate-papo mediada por Mariana Sanchez. Após a conversa, o autor receberá o público em uma sessão de autógrafos.
Um novo imortal

Nascido em Manaus, em 1952, Milton Hatoum foi eleito nesta quinta-feira (14) para a cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras. Escolhido por 33 dos 34 votos possíveis, sucede o jornalista e escritor Cícero Sandroni, falecido em junho deste ano.
O escritor passa a ser o único representante da região Norte na ABL, instituição sediada no Rio de Janeiro e historicamente marcada pela predominância de membros do Sudeste.
Além de romancista, Hatoum é contista, ensaísta, tradutor e professor universitário. Em 1989, seu primeiro romance, Relato de um Certo Oriente, publicado pela Companhia das Letras, ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Romance.
A obra foi adaptada para o cinema com o mesmo nome e será exibida no dia anterior à visita do autor a Curitiba, em 11 de setembro, no Cine Guarani, em duas sessões (14h e 16h).

Dirigido por Marcelo Gomes e lançado em 2024, o filme retrata a saga de imigrantes libaneses que chegam à Amazônia brasileira em busca de uma nova vida, com foco na relação entre dois irmãos e suas diferenças religiosas e culturais.
Hatoum também traduziu para o português A Cruzada das Crianças (Marcel Schwob), Representações do Intelectual (Edward Said) e, em parceria com Samuel Titan, Três Contos (Gustave Flaubert).
Em outubro, a Companhia das Letras publicará Dança de Enganos, último volume da trilogia O Lugar Mais Sombrio, inspirada na época da ditadura militar no Brasil.
Ontem, após sua eleição, o confrade acadêmico Ruy Castro celebrou: “Grande romancista. Representante de uma geração de ficcionistas. A academia sempre teve gente de diversas origens, de todos os lugares, como João do Rio, Pedro Lessa. É uma geração mais jovem que está chegando e tem uma grande contribuição a dar.”
Para a acadêmica Lilia Schwarcz, Milton Hatoum vai contribuir imensamente para a ABL. Ela destacou a “voz cidadã e ética” do escritor. “Ele é literatura, faz literatura, vai às escolas falar de literatura. Teve uma votação muito representativa.”
Biografia
O manauara mudou-se para Brasília em 1968, onde estudou no Ciem (Colégio de Aplicação da Universidade de Brasília). Morou durante a década de 1970 em São Paulo. Diplomou-se em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), onde desenvolveu pesquisa sob orientação do geógrafo Milton Santos.
Nos anos 1970, foi professor de História da Arquitetura na Universidade de Taubaté. É autor de obras como Dois Irmãos, Cinzas do Norte, Órfãos do Eldorado, A Noite da Espera e Pontos de Fuga.
Com informações da Agência Brasil
Mesa com Milton Hatoum
Onde: Memorial de Curitiba
Quando: 12 de setembro, às 20h30
Quanto: Gratuito
Exibição de “Relato de um Certo Oriente”
Onde: Cine Guarani
Quando: 11 de setembro, às 14h e 16h
Quanto: Gratuito