Por Gabriel Costa, especial para o Fringe 

De 18 a 24 de setembro, o “novo clássico” O Que É Isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto, volta às telas em versão remasterizada, em exibição nos cinemas de todo o Brasil.

A iniciativa da Cinecolor Films Brasil integra um projeto de resgate de obras que marcaram gerações, com o objetivo de aproximar novos públicos dos grandes títulos do cinema nacional.

Estrelado por Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Matheus Nachtergaele e Luiz Fernando Guimarães, o longa foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e conquistou grande bilheteria na época de seu lançamento.

Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, a obra retrata um dos episódios mais emblemáticos da ditadura militar: o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, ocorrido em 1969.

História real

A ação foi conduzida por integrantes do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e da Ação Libertadora Nacional (ALN), organizações que combatiam o regime instalado no Brasil desde 1964.

Antes do embarque ao México, 13 dos 15 presos políticos que foram soltos pelo regime militar na base militar do Galeão, no Rio, em 1969. Foto: divulgação

 O plano foi idealizado por Franklin Martins e Cid Benjamin, militantes estudantis, e contou com a participação de nomes como Fernando Gabeira, Joaquim Câmara Ferreira e Virgílio Gomes da Silva. O embaixador permaneceu em cativeiro por 78 horas e foi libertado em troca da divulgação de um manifesto dos guerrilheiros e da soltura de 15 presos políticos, exilados no México.

O sequestro ocorreu em 4 de setembro de 1969, no bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro. A ação, comandada por Virgílio, durou cerca de vinte minutos: militantes interceptaram o carro do embaixador, renderam o motorista e levaram Charles Elbrick para um cativeiro no Rio Comprido. Durante a abordagem, o diplomata chegou a tentar reagir e foi ferido com uma coronhada.

Pouco tempo depois, dois dos presos foram assassinados pela ditadura: Onofre Pinto, em 1974, e João Leonardo da Silva Rocha, em 1975.

Anos mais tarde, Fernando Gabeira se tornaria uma das principais figuras políticas do país, exercendo o mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro e candidatando-se à Presidência da República, ao governo do estado e à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Na época do lançamento do filme, Gabeira, que era deputado federal, disse que não se reconhecia no personagem inspirado nele e que o roteiro foi feito por Leopoldo Serran (roteirista) e Bruno Barreto (diretor) sem a sua interferência.

“Vejo o filme como um filme. Acho o filme fiel ao livro e às minhas concepções sobre o que se passou, desde que você não entenda a palavra fidelidade como algo literal”, disse à Folha de São Paulo.

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