Personagem histórico da cultura cearense, Bode Ioiô está recuperado, em casa e perto do povo que tanto o quer bem. Na última sexta-feira (6), o Museu do Ceará inaugurou uma exposição para contar a história da instituição inaugurada em 1931.
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O grande destaque da mostra “Histórias do Museu do Ceará” é o recém-restaurado Bode Ioiô, um lendário animal taxidermizado (empalhado) que está presente no acervo do Museu do Cerará desde 1935.
Símbolo da irreverência cearense, viveu na capital cearense nas primeiras décadas do século 20. Na cidade que se modernizava, o simpático bichinho gostava de perambular pelas ruas centrais e redutos boêmios da cidade e foi adotado pela intelectualidade cearense da época.
Seu batismo deve-se a uma idiossincrasia do caprino: consta que o bode tinha por costume percorrer sempre o mesmo trajeto, definido entre a Praça do Ferreira e a Praia de Iracema, e no caminho bebia toda a cachaça que lhe ofereciam.
Bode vereador
Nas eleições de 1922, o Bode Ioiô foi eleito vereador como forma de protesto à política local. Como então os eleitores votavam em cédulas de papel, escrevendo o nome de seus candidatos, o mascote da cidade foi um dos mais votados, mas nunca tomou posse no cargo.
Sua morte em 1931 causou grande comoção em Fortaleza e o povo decidiu imortalizar o bode empalhando-o, com posterior doação ao acervo do recém-aberto Museu do Ceará.Ioiô virou tema de documentários, histórias de cordel e livros infantis.
Ioiô é citado em obras de memorialistas cearenses, como o poeta Otacílio de Azevedo e o historiador Raimundo Girão. Recentemente foi eleito pelas crianças da capital cearense como o mascote de Fortaleza. Em 2019, foi enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, do Rio de Janeiro.
Bode restaurado
Personagem cravado no bem-querer dos cearenses, o Bode Ioiô nos últimos meses ganhou um completo trabalho de restauração.
O processo foi realizado no Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha (MHNCE), localizado na cidade de Pacoti. O restauro foi efetuado pelo taxidermista e museólogo especializado em história natural, Emerson Boaventura, com atuação há 40 anos no campo. As melhorias incluem higienização e esterilização do animal, com retoque, implante e coloração de pelagem, além de inclusão de chifres, orelhas e um novo rabo.
O velho Ioiô ficou “tinindo de joiado”, para usar a prosódia local, e passou a batizar um dos espaços expositivos do Museu, o Anexo Bode. Com a abertura da exposição Histórias do Museu do Ceará, a população pode reencontrar o Bode Ioiô.
Serviço
Histórias do Museu do Ceará pode ser visitada de quarta-feira a sábado (exceto feriados), das 9h às 16h.