Uma nova (e talvez última) chance para ver um dos acontecimentos recentes do teatro brasileiro é a pequena temporada da peça “A Aforista”, entre os dias 8 de agosto e 12 de setembro, no Teatro Vivo, em São Paulo (serviço abaixo).

O espetáculo surgiu ainda “em processo” durante o 30º Festival de Curitiba, em 2022, com a presença do dramaturgo Marcos Damaceno no palco. No ano seguinte, foi um dos sucessos de público do país. 

Consta que a atuação de Rosana Stavis no papel título, além de indicada a todos os prêmios possíveis, induziu algumas plateias ao estado de hipnose.

Brincadeiras a parte, o texto de Damaceno é adaptação livre do romance “O Náufrago” de Thomas Bernhard que por sua vez é inspirado nas lendárias “Variações Goldberg”, estudos musicais publicados pelo gênio maior Johann Sebastian Bach (1685-1750).

No palco, dois pianos tocados por Sérgio Justen e Fábio Cardoso duelam e conduzem a narrativa a partir da trilha original composta pelo compositor Gilson Fukusihima.

A peça tem iluminação de Beto Bruel e figurinos de Karen Brustolin, premida ??? . Quem ainda não viu, precisa ver e quem quiser saber o que são as tais “variações de Bach”, é só seguir lendo abaixo.

Mas Afinal, o que são as “Variações Goldberg”?

Grande autor da literatura e teatro contemporâneos, o alemão Thomas Bernhard estruturou o romance “O Náufrago”, de 1996, a partir da execução das lendárias “Variações Goldberg”, peças escritas por Bach circa 1470.

As Variações Goldberg são estudos para cravo de dois teclados com trinta variações sobre o tema principal, num movimento de composição que apontava o caminho para a música dos tempos seguintes. 

Hoje a ideia de um tema com variações é bastante comum no jazz e na música instrumental, mas era arrasadoramente novas nos tempos de Bach. Assim, as Variações Goldberg são, talvez, a composição mais importantes jamais escrita para teclados. 

O tema principal (a aria) é apresentado no início e serve de motor à obra. Como se faz no jazz, os músicos tiram todo o caldo que o tema pode oferecer. 

No caso das VG, o tema era uma sarabanda, uma dança de salão a dois considerada lasciva e sobre a qual Bach fez alterações na progressão harmônica.

A questão do nome é curiosa. O primeiro biógrafo de Bach propagou a história de foram compostas para aplacar a insônia do embaixador russo na Saxônia que teria encomendado os temas suaves para serem executados por seu cravista que se chamava Goldberg. 

A versão foi tomada como verdade por anos, mas hoje é contestada. De qualquer forma, as peças musicais entraram para a história como as Variações Goldberg, eternizando o nome do cravista que morreu com 29 anos.

No livro que inspirou a Aforista, Bernhard conta a história de três exímios estudantes de piano, um dos quais teve a vida aniquilada a partir do momento em que ouviu Glenn Gould (1932-1982), tocar as Variações Goldberg.

Escute aqui Glen Gould executar as “Variações Goldberg”https://spoti.fi/3ivBllO

Tanto no romance como em A Aforista, os embates entre os pianistas são a chave para falar do tempo, das repetições e dos aspectos sublimes e patéticos da vida humana. 

A AFORISTA

Data: 8 de Agosto a 12 de Setembro, Terça, Quarta e Quinta às 20h00

Local: Teatro VIVO – Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi, São Paulo – São Paulo

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