No palco do Teatro Vianinha, inaugurado solenemente nesta quinta (12) com a presença do presidente Lula, a Companhia Ensaio Aberto apresenta o espetáculo O Banquete, de Mário de Andrade, para celebrar a nova fase do complexo Armazém da Utopia, na região portuária do Rio de Janeiro.

Em 2010, a Companhia Ensaio Aberto começou a trabalhar no Armazém 6 da Zona Portuária carioca, região então abandonada. Transformou o espaço no movimentado Armazém da Utopia, hoje é tombado pelos patrimônios municipal e estadual e que vai receber o Festival de Cinema do Rio em Outubro.

Espaço revitalizado do Armazém da Utopia é o maior equipamento cultural do Rio de Janeiro. Foto: Rio Film Comission/Reprodução

Nessa nova fase, o Armazém da Utopia passa a contar com algumas novidades, incluindo um café e restaurante com vista para a Baía de Guanabara. Do local, é possível acompanhar o pôr do sol em um cenário com a Ponte Rio – Niterói e o Museu do Amanhã.

O projeto incluiu ainda intervenções de restauro e conservação e aquisição de mobiliário e de equipamentos cênicos, além de tratamento e digitalização de acervo.

Após 15 meses de obras, o Armazém da Utopia voltou a sediar atividades no mês passado. No último sábado (7), houve a inauguração do Teatro Vianinha, que é parte da estrutura anexa, com a peça cujo texto de Mário de Andrade ficou inacabado devido à sua morte em 1945.

Na sexta (12), em cerimônia com a presença de autoridades do governo federal, consolidou o espaço como o maior equipamento cultural da cidade capacitado para múltiplas funções.

Presidente Lula esteve na inauguração do Teatro Vianinha, no Armazém da Utopia. Foto: Ricardo Stuckert

As obras custaram ao todo R$ 36 milhões, incluindo um aporte de R$ 12 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante envolveu investimentos privados captados pela companhia pela Lei Rouanet.

“Nosso armazém será um porto aberto de pesquisa de linguagem. Lugar onde outros coletivos possam fundear e estabelecer contatos e comunicação. E, sobretudo, um armazém da utopia: lugar de construção de cidadania onde homens e mulheres readquiram fôlego e estabeleçam novos laços”, discursaram juntos a atriz Tuca Moraes e o diretor Luiz Fernando Lobo, integrantes da Companhia Ensaio Aberto, que administra o espaço.

O Banquete de Mário de Andrade

Com direção de Luiz Fernando Lobo, é uma livre adaptação, feita por João Batista, da obra homônima de um dos maiores nomes da literatura brasileira: Mário de Andrade (1893- 1945).

Escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista, Mário foi um grande ativista da valorização da identidade e da cultura brasileira. “Pensar e falar brasileiro”, foi sua batalha durante toda a vida.

O Banquete nasceu da reunião de crônicas musicais escritas semanalmente por Mário de Andrade para o rodapé “Mundo Musical” do jornal Folha da Manhã e, posteriormente, publicadas em forma de livro. Em 1943, Mário deu início a esse projeto, não finalizado com sua morte em 1945.

Cena da peça ‘O Banquete’ do Companhia Ensaio Aberto. Foto: Thiago Gouvêa/Divulgação

Autor que encarava a arte como forma de combater, de discutir problemas vibrantes, de levantar questões de forma pragmática, sem se preocupar em criar obras “perfeitíssimas e eternas”, Mário aproxima-se assim de uma ideia de “arte do inacabado”. Justamente por isso, o Banquete oferece muitas possibilidades numa transposição para o teatro.

A peça tem direção musical de Felipe Radicetti, cenografia de J.C. Serroni, luz de Cesar de Ramires e figurinos de Beth Filipecki e Renaldo Machado e conta com um elenco de 20 atores e atrizes.

Com informações da Agência Brasil/EBC. 

Serviço

O Banquete, da Cia. Ensaio Aberto

Quando: até 27 de setembro, às sextas, sábados, domingos e segundas às 20h

Onde: Teatro Vianinha, Armazém da Utopia (RJ)

Quanto: entrada gratuita com ingressos aqui.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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