Uma das melhores formas de entender um dos fenômenos culturais mais importantes das últimas décadas no país é visitar a exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”.

A principal mostra do ano do MAR – que fica em cartaz até o início de 2025 – perpassa os contextos do funk carioca através da história.

Para além da sonoridade, também evidencia a matriz cultural urbana e periférica, sua dimensão coreográfica, suas comunidades e desdobramentos estéticos, políticos e econômicos, compondo o imaginário em torno do estilo.

Obra presente na exposição Funk: um grito de ousadia e liberdade. Foto: Reprodução

A mostra, apresentada pelo Instituto Cultural Vale, com curadoria da Equipe MAR junto a Taísa Machado e Dom Filó, conta com a colaboração de consultores como Deize Tigrona, Celly IDD, Tamiris Coutinho, Glau Tavares, Sir Dema, GG Albuquerque, Marcelo B Groove, Leo Moraes e Zulu TR.

“Funk é um tema coletivo. Durante vários momentos no MAR, fomos instigados a fazer uma exposição sobre o funk carioca. A mostra conta com duas salas. A primeira trata do soul, movimento de músicas importadas dos anos 70 e 80, que repercutiu no Brasil e influenciou o consumo de roupas, sapatos e cabelos. Uma estética que se tornou produto”, disse Marcelo Campos, Curador Chefe do MAR.

A abordagem também se estende à presença do funk em diversas práticas culturais, com foco especial nas artes visuais contemporâneas, onde o funk é referência de visualidade, resistência política, alteridade e forma. Objetos icônicos do estilo musical são combinados com uma profusão audiovisual de sons, vozes e gestos, atravessados por uma iconografia ligada ao funk, convidando o público a experimentar sua história como uma das mais potentes expressões culturais do Rio de Janeiro.

“Também há a presença daqueles que tinham acesso a equipamentos, compravam discos importados e formavam grandes equipes de som para as festas. Eram festas em clubes de bairros que precederam o funk de hoje. Já a segunda sala é toda dedicada ao baile de favela, uma das maiores forças artísticas cariocas e nacionais. A exposição mergulha na história dos bailes montados em lonas, instalados em várias comunidades”, disse Campos.

Interação

A exposição, dividida em 11 núcleos, conta com mais de 900 itens expográficos. Entre os mais de 100 artistas brasileiros e estrangeiros que participam da mostra estão Hebert, Vincent Rosenblatt, Blecaute, Gê Vianna, Manuela Navas, Maxwell Alexandre, Fotogracria, Emerson Rocha, Panmela Castro e Bruno Lyfe.

Veja a tour virtual da exposição no vídeo abaixo:

 

O público poderá interagir com instalações, ouvir músicas, dançar e ler textos que narram a história do funk nas duas salas de exposição. A expografia é assinada pelo Estúdio Gru.a. O evento é gratuito, com retirada de ingressos via Sympla, sujeito à lotação.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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