Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil é o nome da mega exposição que o Centro Cultura do Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB RJ) abre ao público, a partir de quarta-feira (2), como parte das comemorações pelos 35 anos do . As celebrações de aniversário ainda contemplam a reabertura do teatro e uma mostra histórica especial (leia mais abaixo).

Inédita, a mostra Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil apresentará cerca de 300 obras de mais de 200 artistas de todas as regiões do país. É a oportunidade do visitante manter contato com o panorama das artes brasileiras e com os elementos da cultura visual daquela época, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos icônicos.

Obra Mamãe Natureza de Monica Nador, de1990. Foto: @Filipe Berndt

Para Raphael Fonseca, curador-chefe, e Amanda Tavares e Tálisson Melo, curadores-adjuntos da mostra, a “Fullgás, assim como a música de Marina Lima e Antônio Cícero, quer que o público se conecte a uma geração que colocou muita energia existencial não apenas no fazer arte, mas também em novos projetos de país e cidadania.

A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ, e será dividida em cinco núcleos conceituais cujos nomes são títulos de canções da década de 1980: Que país é este” (1987), “Beat acelerado” (1985), “Diversões eletrônicas” (1980), “Pássaros na garganta” (1982) e “O tempo não para” (1988).

Obra de Edilson Viriato, sem título, de 1993. Foto: Divulgação

Na rotunda do CCBB haverá ainda uma instalação com balões do artista paraense Paulo Paes. “O balão é um objeto efêmero, que traz uma questão festiva, de cor e movimento”, informam os curadores. Ainda no térreo, uma banca de jornal com revistas, vinis, livros e gibis publicados no período, com fatos marcantes da época, fará o público entrar no clima da exposição.

Cia Stavis-Damceno reabre teatro histórico

Dentro do âmbito da comemoração dos 35 anos do CCBB RJ está programada a reabertura do Teatro 1 que fica no térreo, ao lado da famosa rotunda do prédio, está passando por uma grande reforma nos últimos meses e vai reabrir no próximo dia 8 de outubro com a peça “Nebulosa de Baco”, nova criação da premiada companhia Stavis-Damaceno.

Vista da abóboda do prédio do CCBB RJ: Foto: Thais Alvarenga/CCBB RJ/Divulgação

O Teatro 1 foi inaugurado 1989 com a ópera Judas em Sábado de Aleluia, composta por Cirlei de Hollanda a partir do texto homônimo de Martins Pena, e dirigida por Sérgio Britto, que durante aproximadamente quatro anos atuou como consultor teatral do CCBB.

Além da reabertura do teatro, a exposição Primeiro de Março 66 – Arquitetura de Memórias, conta a história do prédio situado no centro histórico da capital fluminense, cuja pedra fundamental foi lançada em 7 de maio de 1880, para ser a terceira sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

A exposição gratuita foi inaugurada no último sábado (29), fica em cartaz até 16 de dezembro.

62 milhões de pessoas

Em entrevista à Agência Brasil, o curador da mostra, antropólogo e fotógrafo Milton Guran, destaca que o prédio já aparece no Atlas Arquitetural da cidade do Rio de Janeiro de 1874, seis anos antes do lançamento da pedra fundamental.

“Já estava previsto um prédio aqui, com as dimensões e características que ele tem hoje”. Destaca que, naquela época, aquela rua era chamada Rua Direita e constituía a principal via da cidade, que se estendia do Morro do Castelo até o Morro de São Bento, e concentrava o Palácio do Imperador, a catedral, a Associação Comercial, o Arsenal. “Quando chegou a notícia do fim da Guerra do Paraguai, o povo foi para a Rua Direita onde estava o imperador (Dom Pedro II) no Paço Imperial. O imperador desceu e formou o cortejo junto com o povo que gritava “1º de março”. Então, o nome da rua mudou para Primeiro de Março que é o dia em que acabou a Guerra do Paraguai”.

O prédio foi inaugurado no dia 8 de novembro de 1906 na Rua Primeiro de Março, 66, e reformado posteriormente, entre 1922 e 1926, para ser a sede do Banco do Brasil, situação que se manteve até 1960, quando a instituição mudou a matriz para Brasília, nova capital do país.

A rotunda do edifício sinalizava a Praça do Comércio, comum nas cidades portuguesas, que centralizava as operações comerciais e financeiras de vulto da cidade. O prédio abrigou ainda a Agência Centro Rio de Janeiro do banco e, depois, a Agência Primeiro de Março.

Fachada do prédio histórico do CCBB RJ. Foto: AF Rodrigues/CCBB RJ/Divulgação

O dia 12 de outubro de 1989 marca a inauguração do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio (CCBB RJ). As reformas efetuadas ao longo do tempo preservaram as caraterísticas arquitetônicas dos estilos neoclássico, presente na rotunda e em suas colunas ornamentadas; o art nouveau, encontrado nas janelas externas; e o art déco, visto na porta da entrada da Rua Primeiro de Março, no lustre em frente à bilheteria e nas portas do Teatro I.Para Milton Guran, o prédio é um organismo vivo.

“Porque, na verdade, é isso que ele é. É um espaço onde já passaram, em 35 anos, 62 milhões de pessoas. Não tem outro espaço no Brasil onde tenha acontecido isso, à exceção, talvez, do Maracanã, no Rio de Janeiro. Isso é uma coisa absolutamente extraordinária”.

Livro

O aniversário do CCBB RJ será celebrado também com o lançamento de um livro que reunirá todo o conteúdo da exposição, além de oferecer uma abordagem abrangente sobre a ocupação do edifício pelo Banco do Brasil.

O livro terá ainda textos complementares de especialistas como o historiador Luiz Antônio Simas, a professora de literatura Maria Inês Azevedo e o arquiteto e professor José Pessoa.

Os ingressos para todas as mostras e espetáculos  podem ser retirados na bilheteria física ou no site.

Com informações da Agência Brasil e da Assessoria de Comunicação do CCBB RJ. 
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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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