No Brasil pós pandemia, a cultura tem se reencontrado com seu público de maneira surpreendente. Teatros, festivais e outros eventos voltaram a ver salas, palcos e espaços lotados mostrando que havia uma demanda reprimida por cultura no país e uma audiência que busca por experiências autênticas, diversas e transformadoras.

O retorno massivo aos eventos não apenas reacendeu o espírito coletivo de fruição das produções e projetos culturais, mas também apresentou novos desafios e oportunidades para empresários, artistas, produtores e instituições do segmento. A inovação nos setores cultural e do entretenimento deixou de ser uma opção, para tornar-se uma necessidade.

Vivemos em um país de dimensões continentais e pluralidade cultural, com públicos com distintas referências culturais, linguagens e formas de se relacionar com a arte. Essa diversidade exige curadores capazes de construir pontes entre regiões, gêneros artísticos e formas de expressão, ampliando o alcance dessas produções culturais. Quando inclusiva e conectada com as especificidades locais, a curadoria capilarizada é um dos maiores ativos de inovação no campo da cultura.

Atualmente, não basta apenas apresentar o novo. Mas também inovar na forma de diálogo com as comunidades e na oferta de plataformas de participação e representação para diferentes vozes e narrativas.

Um país cuja população não é homogênea tem em si uma das maiores riquezas culturais que se pode explorar em eventos multiculturais que conectem e reflitam essa pluralidade, crucial para manter a arte vibrante e acessível.

Os grandes editais culturais também retornam fortalecidos após um período desafiador, e têm se mostrado ferramentas essenciais para a mobilização de recursos, pois estimulam a experimentação artística e a descentralização da produção cultural dos grandes eixos.

A atuação dos editais público privados no fomento ao teatro, por exemplo, não só garante a sobrevivência de profissionais, coletivos e companhias, mas também promove agenda estimuladora de projetos inovadores nas linguagens e formatos.

Dessa maneira, os editais criam espaço também para a experimentação de formas alternativas de se comunicar com o público. No teatro, isso pode significar desde o uso de novas tecnologias de encenação até a exploração de temáticas contemporâneas, que dialoguem diretamente com os desafios sociais e políticos do país.

Em outro caminho, o patrocínio privado tem sido historicamente um pilar de sustentação para a cultura no Brasil. Grandes empresas seguem protagonistas no apoio às iniciativas de diferentes portes.

No entanto, para que continue promissor, o futuro do setor cultural também depende de um maior envolvimento de pequenas e médias empresas, que muitas vezes estão mais próximas de grupos, comunidades, e que podem atuar como verdadeiros agentes transformadores locais.

É imprescindível que o setor cultural também explore formas inovadoras de envolvimento com essas empresas, com a criação de programas de patrocínio mais acessíveis, que incentivem pequenos e médios empresários a apoiarem e a se associarem à produção artística, em um movimento para gerar um ecossistema mais vibrante e sustentável, com o potencial de transformar o cenário cultural brasileiro.

Temos diante de nós uma oportunidade única: inovar de maneira inclusiva, sustentável e conectada às novas realidades sociais. A recuperação econômica gradual, aliada à vontade de reconectar o público com a arte, cria as condições orgânicas ideais para a inovação florescer.

O Dia Nacional da Cultura nos convida a refletir sobre como podemos, enquanto agentes culturais, continuar a criar, arriscar e transformar, utilizando estes fatores listados como ingredientes para manter a arte viva, pulsante e em constante movimento, conectada aos anseios de um público que não apenas consome, mas também deseja participar da criação.

O futuro da cultura no Brasil é vibrante e plural, e estamos apenas começando a vislumbrar as possibilidades do que a inovação pode trazer, sem esquecer nossas raízes e a riqueza da diversidade que nos une.

Leandro Knopfholz é diretor-geral da Parnaxx, empresário e fundador do Festival de Curitiba que, em 2024, completou 32 edições.
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