É impossível falar da velha guarda do samba sem citar Riachão, um baiano, entendedor das nuances do ritmo e por vezes chamado de cronista musical. Um expoente que foi capaz de escrever grandes canções como Vai Morar com o Diabo e Cada Macaco no Seu Galho, por exemplo, que se tornaram imortais na história da música brasileira.

O gênio do samba nos deixou em 2020 aos 98 anos, apenas quatro meses depois do festejado anúncio da seleção do seu projeto de produção de um novo álbum solo no edital Natura Musical, o disco Onde eu cheguei, está chegado, que debutou nas plataformas digitais no último dia 25 de janeiro. Póstumo, mas deixando Riachão presente como nunca.

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O conteúdo permanece o mesmo, com 10 canções inéditas escritas pelo artista, que já tinha gravado algumas vozes, recuperadas e agora utilizadas em quatro feats com nomes de peso: Criolo e Martinho da Vila cantam com ele, Beto Barreto se junta com sua guitarra elétrica e o neto Taian traz a carga afetiva familiar. Completando o time de ouro da música brasileira na interpretação das demais faixas, estão Teresa Cristina, Pedro Miranda Roberto Mendes, Josyara, Enio Bernardes, Juliana Ribeiro, Fred Dantas, Nega Duda e Clarindo Silva, tudo sob a produção musical de Caê Rolfsen e Paulinho Timor.

As músicas “Sou da Bahia”, “Tintin”, “Uma vez na janela”, “Sua vaidade vai ter fim”, “Saudade”, “Sonho do mar”, “Samba quente”, “Oh, Lua”, “Morro do Garcia” e “Homenagem a Claudete Macedo” também reúnem outros 20 musicistas que tocam instrumentos de cordas, percussão e sopro, além do coro presente em quase todas as faixas.

“Este projeto resulta de um senso de compromisso cultural com a Bahia e o Brasil no que diz respeito ao fortalecimento e prolongamento das criações musicais deste grande cantor e compositor”, diz Joana Giron, da Giro Planejamento Cultural, que contextualiza como ele havia voltado a compor após anos sem atividade: “Quando ele morreu, estava extremamente animado com o projeto e o disco estava em processo de escolha de repertório. A readequação de tudo não foi simples, mas, quase cinco anos depois, cremos que estamos prestando a homenagem mais à altura de Riachão possível”, completa.

Riachão na voz de outros artistas

Vá Morar com o Diabo ganhou ainda mais evidência quanto Cássia Eller incluiu a canção no aclamado disco Acústico MTV

Cada Macaco no Seu galho foi regravada por Caetano e Gil em 1972, para marcar seus retornos ao Brasil depois de exílio político durante o Regime Militar. Eles a gravaram num compacto de Gil, de 1972. 

 

Por que você não me convida agora na voz de Zélia Duncan, faz parte do disco Antes do Mundo Acabar da artista, que foi lançado em 2015.

 

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Jornalista, DJ e especialista em música brasileira

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