No samba “Pranto de Poeta”, Cartola ensina que “em Mangueira, quando morre um poeta todos choram”. E este era um alento dele para seguir a vida: sabia que o morro ia chorar quando ele partisse.
Nesta mesma lógica, quem chora nesta véspera de carnaval é a comunidade do Unidos do Peruche, uma das mais tradicionais e longevas escolas de samba paulistanas.
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Nesta segunda (17), faleceu um de seus fundadores, Seo Carlão do Peruche, aos 94 anos. Chamado de o “último cardeal” do carnaval de São Paulo, Carlos Alberto Caetano era um dos fundadores da escola, o que ocorreu no remoto ano de 1956.
Conheça a história dos cardeais do Carnaval de São Paulo neste podcast do site Alma Preta:
Nos anos 1960, o grupo de líderes das escolas paulistanas, os “cardeais”, batalhou pela oficialização e reconhecimento das escolas de samba junto ao poder público.
A história dele é o tema deste ano da escola, com o samba-enredo “Axé Griô! Carlão do Peruche, O Cardeal Preto do Samba”, será uma homenagem à sua trajetória.
Pirapora
Nascido em uma família religiosa em Pirapora do Bom Jesus, no interior de São Paulo, ele acompanhava os pais em romarias e festas da igreja. Foi quando tomou contato com o jongo, dança de origem africana que combina canto e batuque e é considerada uma das matrizes do samba.
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Nos anos 1950, já morando em São Paulo, foi um dos fundadores, em 1956, da Unidos do Peruche. Naquela época, os desfiles das escolas de samba eram realizados nas ruas do centro da capital e enfrentavam repressão e censura.
Durante a sua trajetória, Seo Carlão dedicou-se à promoção e preservação da cultura do samba. Teve papel fundamental na transferência dos desfiles carnavalescos para o Sambódromo do Anhembi e defendeu a valorização das raízes e tradições do samba.