A Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano, no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), recebe a partir de 26 de abril uma nova exposição de longa duração. A mostra marca os dez anos da galeria dedicada à fotógrafa suíça naturalizada brasileira Claudia Andujar e inclui, pela primeira vez, obras de 22 artistas indígenas da América do Sul. O novo projeto busca renovar a expografia do espaço, repensar seus sentidos e ampliar os diálogos sobre a existência e a representação indígena.

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A curadoria é assinada por Beatriz Lemos, com assistência de Varusa e pesquisa de Douglas de Freitas, Marilia Loureiro, Deri Andrade e Lucas Menezes. A proposta é atualizar os contextos e destacar a potência política da fotografia de Andujar em conexão com produções contemporâneas. Participam artistas como Denilson Baniwa, Paulo Desana, Edgar Kanaykõ Xakriabá, UÝRA, Tayná Uráz, Graciela Guarani, Alexandre e Tiniá Pankararu, Renata Tupinambá e representantes da Hutukara Associação Yanomami, entre outros nomes da Bolívia, Peru, Colômbia e Paraguai.

Serie Retratos de Mi Sangre 2020 de David Diaz: Foto Reprodução

O trajeto expositivo é dividido em cinco núcleos temáticos. O primeiro apresenta registros de paisagens amazônicas feitos por Andujar nos anos 1970, em diálogo com os autorretratos da artista UÝRA, que representa a floresta como entidade viva e observadora. Na sala seguinte, a conexão entre arte e território ganha força nas obras de Elvira Espejo Ayca e nos retratos de Andujar entre os Yanomami, evidenciando a arte como instrumento de memória e identidade.

Núcleo Central

O núcleo central da galeria reúne trabalhos sobre espiritualidade, rituais, comunidade e retratos. As fotografias de Andujar revelam a vida cotidiana dos Yanomami e encontram ressonância nas obras de Graciela Guarani, Julieth Morales e Lanto’oy’ Unruh. A representação do corpo como resistência se destaca nos trabalhos de Edgar Kanaykõ Xakriabá, Paulo Desana e David Diaz Gonzalez.

A quarta seção apresenta o impacto da colonização e da exploração nos territórios indígenas. São exibidas imagens de Andujar que denunciam a destruição provocada pela construção da Perimetral Norte e pelo garimpo ilegal. Uma obra comissionada de Denilson Baniwa atualiza essa abordagem e leva o público à Boa Vista (RR) em 2025, retratando o cotidiano dos Yanomami em situação de vulnerabilidade social.

O quinto núcleo enfatiza o papel das alianças e dos comissionamentos realizados pelo Inhotim. Destaque para “Os Espíritos da Floresta”, de Paulo Desana, que registra representantes das aldeias indígenas Arapowã Kakya e Naô Xohã em Brumadinho, e para “Xe Ñe’e”, de Graciela Guarani, que documenta o cotidiano da comunidade Guarani Kaiowá. A obra “Híbrida”, de Alexandre Pankararu, Graciela Guarani e Tiniá Pankararu, combina ficção científica e arquivos familiares para abordar o papel da juventude indígena na continuidade da luta por território.

Edgar Kanaykõ Xakriabá, Wahirê: Canto e dança tradicional do povo Xakriabá, 2018 Foto: Reprodução

A artista peruana Olinda Silvano realiza um grande kené, pintura tradicional do povo Shipibo-Konibo, que une arte e espiritualidade por meio de grafismos geométricos. O trabalho conecta o interior da galeria aos espaços externos, onde também será desenvolvido um programa público em diálogo com povos indígenas urbanos de Minas Gerais, sob curadoria de Marilia Loureiro e colaboração de Renata Tupinambá.

A exposição ainda conta com a Sala Documental Claudia Andujar, que reúne documentos e imagens históricas da trajetória da fotógrafa, com apoio de acervos como o Centro de Documentação Indígena (CDI) e o Instituto Socioambiental (ISA). Também apresenta parte da história da galeria no Inhotim, destacando a relevância de Andujar como artista e ativista.

Hutukara Associação Yanomami

Outro destaque da nova fase é a sala curada pela Hutukara Associação Yanomami. A organização, presidida pelo xamã e líder Davi Kopenawa Yanomami, apresenta produções contemporâneas em vídeo e desenhos que trazem o olhar dos próprios artistas Yanomami sobre suas vivências. A iniciativa reforça a legitimidade do projeto e o protagonismo indígena na curadoria da mostra.

Segundo Júlia Rebouças, diretora artística do Inhotim, a nova exposição consolida a Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano como referência para a arte indígena no Brasil. “Revisitar esse projeto reafirma o compromisso do Inhotim com a pesquisa, a inovação e com a trajetória ética e política de Claudia Andujar”, afirma.

Exposição de artistas indígenas no Inhotim
Onde: Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano – Instituto Inhotim (Brumadinho, MG)
Quando: A partir de 26 de abril de 2025
Quanto: Entrada incluída no ingresso geral do Inhotim

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