O cinema brasileiro vive um momento de renovação. Com narrativas que cruzam ancestralidade e invenção, artistas indígenas têm ocupado espaços antes restritos, abrindo caminho para obras que reconfiguram imaginários e ampliam a diversidade de olhares. No Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, destacam-se Wara e Karkará Tunga, integrantes da Rede Paradiso de Talentos e expoentes de uma geração que transforma a forma de contar histórias no país.
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Com trajetórias premiadas, as duas cineastas combinam experiências pessoais e coletivas, incorporando saberes ancestrais às práticas contemporâneas do audiovisual. Suas obras desafiam estruturas coloniais ainda presentes no setor e criam novas possibilidades narrativas e estéticas.
“O protagonismo indígena no cinema brasileiro é uma das forças pulsantes da produção contemporânea. É com imensa admiração que apoiamos talentos como Wara e Karkará, que expressam, com inventividade e sofisticação, histórias urgentes, complexas e profundamente conectadas com seu tempo e com a realidade brasileira”, afirma Josephine Bourgois, diretora executiva do Projeto Paradiso.
Wara
Diretora e roteirista, Wara formou-se em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e tem especialização em Direção de Ficção pela Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba. Sua tese Soberane recebeu o Pardino D’oro de melhor curta-metragem internacional no 75º Festival de Locarno.
O curta Quem te deu nome? venceu como melhor filme no FESAALP 2021, na categoria Videominuto. Já o projeto de longa Quem deu nome à Terra? conquistou o Prêmio TFL Next, acesso à Rede Paradiso de Talentos e seleções para o Pop Up Film Residence e o Cinéma en Développement, durante o BrLab.
Em 2025, co-dirigiu com Sivan Noam Shimon (Israel) o curta A Fera do Mangue, exibido na Quinzena de Cineastas do Festival de Cannes, no programa Directors Factory Ceará Brasil.
Karkará Tunga
Graduado em Cinema e Audiovisual pela UFPE, Karkará Tunga assina o roteiro do longa Suçuarana, contemplado no 16º Edital Funcultura de Audiovisual (PE) e participante do LAB CENA 15, no Porto Iracema das Artes, e da residência “Desde la Raíz” na Colômbia. Também integrou o 5º Argumenta, do Sesc Rio.
Com o roteiro do curta Batoki – Noite sem Lua, ficou em segundo lugar no Prêmio Cardume Cabíria 2024. Coordena o Grupo Avançado de Desenvolvimento de Roteiro no Centro Cultural Marieta e integrou o comitê de visionamento do Festival Internacional de Curtas de São Paulo.
Na videoarte O Verbo Se Fez Carne (2019), assinou montagem e design de som, conquistando prêmios de Melhor Concepção Sonora e Melhor Som, além de indicação ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Com Brasis (2019), participou do XI Salão Universitário de Arte Contemporânea (SESC-PE), e com o ensaio Arte-vida, Arte-morte (2021), do 67º Salão Paranaense do Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Sobre o Projeto Paradiso
Iniciativa filantrópica do Instituto Olga Rabinovich, o Projeto Paradiso investe em formação profissional, geração de conhecimento e internacionalização de talentos. Desde 2019, já beneficiou centenas de profissionais brasileiros por meio de bolsas, mentorias, cursos, seminários e parcerias com instituições de referência no Brasil e no mundo.