O Clube do Samba foi oficialmente declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. A Lei nº 10.927, sancionada pelo governador Cláudio Castro (PL), foi publicada nesta quinta-feira (4) no Diário Oficial. A medida amplia a proteção institucional de um dos espaços mais representativos da música popular brasileira, já reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município do Rio desde janeiro de 2025.

Símbolo de resistência e memória

O governador Cláudio Castro destacou a importância da decisão para o fortalecimento da identidade cultural fluminense, preservação, promoção e incentivo da cultura popular. “Esse espaço é símbolo de resistência, memória e celebração da nossa música popular e merece todo reconhecimento institucional digno desse legado”, afirmou.

Fundado em 1979, no bairro do Méier, na zona norte carioca, pelo cantor e compositor João Nogueira (1941-2000), o movimento consolidou-se como um espaço de encontros entre grandes nomes da música popular brasileira e novas gerações de artistas. Ao longo das décadas, reuniu artistas como Beth Carvalho, Clara Nunes, Cartola, Dona Ivone Lara, Alcione, Martinho da Vila, Bira Presidente e Gilberto Gil, entre outros.

Projetos e continuidade

Ao jornal O Dia, a presidente do Clube do Samba, Ângela Nogueira, celebrou o tombamento e ressaltou as perspectivas que o novo título abre para a entidade. “Para nós, é uma alegria muito grande, porque podemos ampliar todos os projetos que temos. Sendo um patrimônio cultural e imaterial, facilita captar recursos, dar segmento às oficinas de música e arte, além de ampliar para outras áreas, como o esporte. Temos o bloco, os bailes, as rodas de samba. Isso tudo facilita e dá uma satisfação de que valeu a pena”, afirmou.

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Ela também revelou planos para novos lançamentos. “Vamos preparar mais coisas, passar materiais para o audiovisual e lançar um livro. Não será uma biografia, mas relatos de amigos sobre a vivência com João Nogueira e o Clube do Samba. Queremos expandir o projeto, catalogar tudo e fortalecer nossa biblioteca. Fazemos isso por meio de projetos de incentivo, e esses títulos ajudam bastante, valorizam a seriedade do nosso trabalho”, completou.

Formação e tradição

O Clube do Samba define-se como “Movimento pela arte, cultura, educação e identidade brasileira através da música”. O espaço mantém atividades como rodas de samba, bailes, oficinas e projetos educacionais que preservam o samba de raiz e contribuem para a formação cultural de jovens e comunidades.

No site oficial, o grupo destaca seu projeto sociocultural, que atende gratuitamente crianças e adolescentes com aulas de canto, cavaquinho, teatro, violão, percussão e capoeira. “Todos os nossos projetos, eventos e ações abrem espaço para novos talentos da música”, informa o texto.

Com a lei sancionada, o Clube do Samba reforça seu papel histórico e se projeta para novas iniciativas. O reconhecimento em nível estadual amplia as condições de investimento e assegura que a tradição inaugurada por João Nogueira siga como referência para a cultura popular brasileira.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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