Esqueça a ideia do estilo musical que chamamos de rock.

O que vamos falar aqui é de uma assinatura cultural de um estado que envolve vertentes como tecnobrega, tecnomelody, aparelhagem e tudo o que remete às festas do Pará.

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É como se, em uma sexta-feira qualquer, um amigo te chamasse para sair. Entretanto, o “sextou” paraense remete a uma experiência cultural e antropológica chamada ROCK. É um rolê pedrada capaz de te fazer sair da alma.

Foi exatamente isso que Gaby Amarantos trouxe em Rock Doido, seu último disco, que também veio acompanhado de um filme. Mas vamos por partes.

Capa de Rock Doido, novo álbum de Gaby Amarantos com 22 faixas que celebram a cultura do Pará em som e imagem. Foto: divulgação

Basta dar o play no álbum para sua mente ser transportada automaticamente para Belém e arredores: “Te prepara, o que tu vai escutar agora não é apenas som. São frequências sonoras capazes de reorganizar teu sistema molecular… esqueça tudo, que o rock doido começou”. Depois disso, meus amigos… é uma sequência de “tecno tudo” capaz de te fazer colocar um short beira-cu e um cropped na hora!

O álbum é uma festa completa de 22 faixas em 36 minutos, sem intervalos. Essa Noite Eu Vou Pro Rock, Arrume-se Comigo, Short Beira Cu, Mamãe Mandou… todas as músicas se conectam em uma produção difícil de conseguir com excelência. Coisa que Gaby e MGDZ fizeram com maestria.

Nas participações especiais: Viviane Batidão (Te Amo Fudido), Gang do Electro (Tumbalatum), MC Dourado (Cerveja Voadora) e Lauana Prado (Não Vou Chorar). Todas escolhidas tão a dedo que nenhuma destoou do projeto.

Mas o destaque do álbum vai para Foguinho, que utiliza o sample de Luiz Bonfá — conhecido por ter sido “roubado” por Gotye em Somebody That I Used to Know e, recentemente, usado e creditado por Doechii em Anxiety. “Não me manda foguinhoooo não!”

Do disco para o filme

Se o disco é ininterrupto do começo ao fim, o filme não poderia ser diferente. Agora, se fazer a produção de um álbum assim já é difícil, imagina uma obra audiovisual que contemple todo o enredo sem perder o pique?

E isso acontece magistralmente. Começamos com um take de Gaby em casa; depois, ela se arruma pro rock e vai andando pelas ruas e praças de Belém, passando por diversos locais e festas. Tudo em plano-sequência. E que plano-sequência! Uma direção de tirar o fôlego de Marcos Maderito.

Ao longo de seus 21 minutos e sendo fiel à tracklist do disco, o filme é espetacularmente bem coreografado, ensaiado e conectado às raízes paraenses.

Para concluir, Gaby Amarantos nos deu uma experiência auditiva, visual e sensorial da cultura nortista, capaz de transformar até quem nunca cruzou o país em um grande fã do ROCK.

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Jornalista, DJ e especialista em música brasileira

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