Quatro eventos durante o mês de agosto celebram o centenário da violeira caipira sul-mato-grossense Helena Meirelles no projeto “Viva Viola! Centenário Helena Meirelles” na unidade 24 de Maio do Sesc, em São Paulo. Helena é uma das grandes artistas internacionais de seu instrumento e teve uma história de vida extraordinária e reconhecimento artístico tardio.

No dia 10 de agosto, a comemoração começa com oficina ministrada por Vitória da Viola, que ensinará os ritmos fronteiriços executados no sertanejo raiz, como Guarânia e Chamamé, utilizando as músicas de Helena Meirelles para estudo. Veja a programação completa aqui.

No dia 13, às 18h, uma roda com três violeiras brasileiras, Miriam Cris, Letícia Leal e Adriana Farias, abre o projeto “Viva Viola: Centenário Helena Meirelles”. Elas conversam sobre suas trajetórias no mundo da viola, a vida e obra da grande dama da viola, seu legado e a presença de mulheres violeiras na atualidade. Veja a programação completa aqui.

Na sequência, no mesmo dia, às 20h, três expoentes violeiras da atualidade, Fabiola Beni, Flor Morena e Karoline Violeira, sobem ao palco em uma roda de viola feminina para apresentarem seus talentos e relatarem a influência recebida da mítica violeira centenária. Veja a programação completa aqui.

Por fim, no dia 14, os irmãos Mário de Araújo e Milton Araújo, ambos sobrinhos e ex-músicos da banda original de Helena Meirelles, conduzem uma roda de conversa com algumas músicas, relembrando fatos insólitos da vida da mítica violeira e violonista.

Mário foi, por vários anos, além de violonista da banda, produtor artístico e discográfico do primeiro álbum da artista, “Helena Meirelles – A Grande Dama da Viola”, apelido dado por ele próprio à instrumentista. Veja a programação completa aqui.

Andando hoje pelo Sesc 24 de Maio há totens com lambe-lambes com a imagem de Helena Meirelles feitos pelo artista Kelton Medeiros.

A “grande dama da viola” Helena Meirelles

Uma artista brasileira com uma história de vida inacreditável, Helena Meirelles nasceu em Bataguassu, no sul de Mato Grosso, em 1924. Aprendeu a tocar viola sozinha, por volta dos oito anos de idade, onde vivia na fronteira com o Paraguai. Enfrentou resistência dos pais para se tornar artista e precisou fugir de casa na adolescência, ainda analfabeta.

Foi casada três vezes e teve 11 filhos. Morou em zonas de prostíbulos, foi lavadeira, parteira e benzedeira. Durante muito tempo, tocou em bordéis, bares e festas de fazendas, sempre enfrentando forte preconceito por ser mulher.

Já na década de 1980, foi apresentada por Inezita Barroso no programa “Mutirão”, que a cantora comandava na rádio USP de São Paulo. Em seguida, Inezita também apresentou a violeira em seu programa “Viola, Minha Viola”, na TV Cultura.

No final dos anos 1980 e início dos 1990, gravou uma fita que não recebeu grande atenção. Em 1992, se apresentou, sempre ao lado de Inezita e da dupla Pena Branca e Xavantinho, no Teatro do Sesc, em São Paulo.

Tudo mudou em 1993, quando a revista norte-americana Guitar Player escolheu Helena Meirelles como Instrumentista Revelação do Ano, com o Prêmio Spotlight, após seu sobrinho Mário de Araújo enviar para lá uma fita com gravações feitas pela tia em seu pequeno estúdio.

A partir do reconhecimento estrangeiro, Helena Meirelles se tornou uma celebridade nacional, sendo convidada para entrevistas ou procurada por programas de TV no interior de Mato Grosso. Em 1994, aos 70 anos, a gravadora Eldorado lançou seu primeiro álbum, “Helena Meirelles”.

No mesmo ano, a revista Guitar Player publicou um pôster em que a incluiu entre as 100 melhores palhetas do mundo de todos os tempos, ao lado de nomes como B. B. King, Eric Clapton, Keith Richards e Jimi Hendrix.

Helena teve 10 anos de uma carreira de sucesso entre shows e gravações, ao lado de seu marido Constantino Machado, violonista que a acompanhava. A grande dama da viola faleceu aos 81 anos de pneumonia em Campo Grande (MS) em 2005.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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